26 fev, 2021 - 20:36 • Lusa
O vice-presidente do Governo dos Açores, Artur Lima, confirma que a cerca sanitária a Rabo de Peixe vai ser levantada “com responsabilidade”, na próxima semana.
“Para a semana não há cerca [a Rabo de Peixe]”, porque vai ser “levantada com responsabilidade”, disse o governante.
Artur Lima falava no Parlamento dos Açores, no âmbito da apreciação de uma iniciativa do PSD que recomenda ao executivo um programa de recuperação económica e social específico para as freguesias de Ponta Garça e de Rabo de Peixe.
Aos deputados, o vice-presidente destacou a “grande adesão” e comportamento da população da vila piscatória, “em diálogo” com as equipas multidisciplinares no terreno, que afirmou terem realizado desde 5 de fevereiro, com a instituição da cerca sanitária, 998 visitas domiciliárias.
No dia em que os Açores não registaram nenhum caso de infeção, o governante congratulou-se com o facto, afirmando “estar feliz por os Açores serem a região do país que tem a pandemia melhor controlada”, mas ressalvou que o executivo vai estar “atento e preventivo para não facilitar”.
Em resposta a acusações dos parlamentares da oposição, Artur Lima disse que "estigmatizar a freguesia" era deixar que os casos alastrassem pela ilha de São Miguel, responsabilizando-se aquela população.
O vice-presidente do Governo dos Açores recordou ao deputado do BE e seu líder regional, António Lima, que foi o Governo da República que “cercou freguesias com as cercas e que, contrariamente à região, onde foram adotadas “medidas para a economia respirar” no combate à pandemia, o executivo socialista nacional “confinou-se e fechou tudo”.
No âmbito do debate parlamentar, o deputado António Lima condenou o facto de a cerca estar focada na zona piscatória da vila, onde existem mais problemas sociais, numa “atitude reprovável do Governo Regional”, tendo pedido uma definição sobre os critérios usados para instituir a cerca e os que podem conduzir ao seu levantamento.
António Lima condenou ainda a georreferenciação das ruas e casas com doentes da covid-19 naquela vila piscatória.
Por seu lado, o socialista Francisco César considerou que as medidas adotadas para Rabo de Peixe foram tomadas com “falta de diálogo e informação”, repudiou a georreferenciação, porque “estigmatizou uma população”, e condenou o facto de se terem colocado no terreno agentes da PSP “com metralhadoras apontadas para a população”.
Intervindo no debate, o secretário regional da Saúde, Clélio Meneses, disse que tomará “todas as decisões para salvaguardar a saúde pública”, como a cerca em Rabo de Peixe, frisou que não está “à procura de votos" e acusou a oposição PS e BE de “incendiar açorianos uns contra os outros”.
A proposta do PSD, hoje aprovada por unanimidade, recomenda ao Governo Regional que “elabore e implemente um programa de recuperação económica e social específico para as freguesias de Ponta Garça e Vila de Rabo de Peixe, sujeitas a cercas sanitárias por razões de saúde pública no âmbito das medidas de combate à pandemia da covid-19”.
Os proponentes referem que a iniciativa “deve contemplar a criação de apoios sociais específicos e a majoração de outros existentes para as micro, pequenas e médias empresas e empresários em nome individual, cujas atividades estiveram totalmente encerradas devido à implementação de cercas sanitárias em Ponta Garça e Rabo de Peixe”.
A cerca sanitária em Rabo de Peixe está em vigor desde 13 de janeiro, mas desde 5 de fevereiro já só se aplicava a uma parte da vila.
Contudo, desde quarta-feira apenas está a ser aplicada ao “território a norte da Rua da Praça e na Rua da Nossa Senhora de Fátima, incluindo o bairro situado nas ruas Francisco Andrade e Afonso Maria Tavares”.
A Autoridade de Saúde dos Açores informou hoje que, nas últimas 24 horas, não houve registo de novos casos positivos de covid-19 na região, tendo recuperado da doença três doentes.
Assim, os Açores contam hoje com 56 casos ativos, sendo 47 em São Miguel, oito no Pico e um no Faial.
Desde o início da pandemia já foram diagnosticados 3.839 casos positivos nos Açores, tendo recuperado da doença 3.649 pessoas e 29 morreram.