02 mar, 2021 - 07:40 • Miguel Coelho
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Foi há precisamente um ano que as autoridades de saúde anunciavam que tinham sido detetados em Portugal os dois primeiros casos de infeção pelo novo coronavírus. Na altura, a designação Covid-19 – “a Covid” e não “o Covid” – ainda era pouco utilizada, mas foi uma das novidades a que tivemos de nos habituar ao longo deste ano de pandemia.
Há um ano, quase ninguém usava máscara
Se alguém entrasse de máscara num transporte público era olhado com estranheza. A própria diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, desaconselhava o uso de máscara, dizendo que transmitia uma falsa sensação de segurança.
Em poucos meses, contudo, iria tornar-se obrigatória na maioria das situações e hoje sabemos que, a par do distanciamento social e da lavagem das mãos, as máscaras são indispensáveis para travar o contágio.
Como se transmite mais o vírus?
Sabemos hoje que o novo coronavírus se transmite ainda mais facilmente pelo ar do que se pensava. De início, não se sabia que uma breve conversa num local fechado podia ser suficiente para possibilitar o contágio. Não é preciso sequer tossir ou espirrar – o ato de falar propaga o vírus.
Mas, em contrapartida, quando a pandemia começou, pensava-se que fosse mais simples a transmissão através do contacto com superfícies ou com objetos contaminados e os estudos mais recentes indicam que não é tanto assim – é certamente possível a infeção por essa via, mas é relativamente rara.
O que não quer dizer que não devamos manter as nossas rotinas de desinfeção. O risco é simplesmente menor do que se temia há um ano.
É só uma espécie de gripe?
Uma das ideias desfeitas durante este ano de pandemia em Portugal é que a Covid-19 é uma espécie de gripe. Há um ano, ainda havia muita gente a acreditar que sim, mas hoje sabe-se que a Covid-19 é muito mais transmissível.
Calcula-se que, em média, 10 pessoas com gripe contagiem treze outras, enquanto na Covid-19 as mesmas 10 pessoas podem contagiar, pelo menos, 30.
Já para não falar na taxa de letalidade, que na Covid-19 é 10 vezes superior à da gripe.
Pandemia não acabou no Verão
Desfizeram também as dúvidas sobre se a Covid-19 iria desaparecer no Verão. Era uma esperança que muitos alimentavam no início da pandemia, mas não foi assim. A disseminação do novo coronavírus abrandou, é certo, mas regressou e com mais força.
Hoje, já sabemos que não se vai embora com facilidade.
E o que aprendemos sobre os sintomas?
No início, só se falava na febre, tosse e falta de ar. Agora, quase tudo pode ser Covid-19, desde a ausência de paladar ou olfato a diarreia, dores musculares, conjuntivite, irritações na pele, descoloração dos dedos, etc...
O que os investigadores descobriram ao longo deste tempo é que a Covid-19 não é apenas uma infeção respiratória capaz de danificar gravemente os pulmões, mas uma doença que pode afetar todo o corpo e deixar sequelas em vários órgãos.
E chegaram as vacinas… e as variantes
É algo que há um ano não se sabia, de facto, se viria a ser possível. Havia quem acreditasse que sim, outros eram mais céticos, mas foi possível desenvolver não uma, mas várias vacinas em menos de um ano.
Em Portugal, já temos três a serem administradas e outras a caminho. E, no total, há 12 no mundo a serem usadas e cerca de 20 em fase final de testes, portanto, essa é, sem dúvida, a grande diferença hoje em relação ao ponto em que estávamos há um ano.
O lado negativo é que apareceram variantes mais transmissíveis do vírus antes do que se pensava. Os cientistas acreditavam que as mutações levassem mais tempo a ocorrer até se tornassem mais perigosas, mas também aí o vírus surpreendeu.