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Saúde Mental

Mulheres mais novas estão mais tristes e mais velhas com maior medo da Covid-19

15 mar, 2021 - 18:01 • Lusa

Inquérito do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto analisa impacto da pandemia na saúde mental.

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A tristeza, ansiedade e depressão foram mais sentidas por mulheres mais jovens, enquanto as mais velhas têm mais medo de serem infetadas pelo novo coronavírus, revelou hoje um inquérito do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).

As conclusões são do relatório “Diários de uma Pandemia”, uma iniciativa desenvolvida pelo ISPUP e pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), que visa perceber o que “mudou” no dia-a-dia das pessoas desde o primeiro confinamento.

No estudo participaram 3.674 pessoas que, até 5 de março, preencheram mais de 65 mil questionários.

Sob o tema “Um ano depois: o que relataram as mulheres de diferentes gerações”, o estudo analisa as respostas de 2.636 mulheres, com idades entre os 18 e os 60 ou mais anos.

O documento, a que a Lusa teve acesso esta segunda-feira, conclui que sentimentos negativos como tristeza, desespero, depressão e ansiedade, bem como a dificuldade em lidar com a situação atual “foram mais frequentes nas mulheres mais jovens” (mais de um terço das participantes) e “diminuindo claramente com a idade”.

Quase metade das mulheres com 30 a 39 anos afirmaram também sentir “frustração” por não conseguirem cumprir rotinas diárias, sentimento mais frequente nas mulheres com crianças até aos 10 anos (54,6%).

“A generalidade dos indicadores relacionados diretamente com a infeção mostra frequências semelhantes entre mulheres e homens, ao passo que os indicadores de bem-estar foram quase sempre menos favoráveis entre as mulheres”, assegura o relatório.

Paralelamente, 24% das mulheres com 60 ou mais anos e 22% das mulheres entre os 50 e 59 anos afirmaram ter “medo de ser infetadas, sempre, quase sempre ou muitas vezes”.

Além deste receio, as mulheres mais velhas foram as que relataram uma maior preocupação com a saúde, incluindo a dos entes queridos.

“A preocupação com a saúde foi muito frequente e aumentou com a idade (…) mais de metade das mulheres com 60 ou mais anos (54%) relataram esta preocupação”, refere o relatório.

De acordo com o documento, quase metade das mulheres com 50 e 59 anos referiram conhecer alguém que morreu devido à covid-19.

"Foram também as mulheres mais velhas que reportaram menos contactos de risco, menos necessidade de isolamento profilático e menor risco percebido de infeção”, acrescenta.

Desde março de 2020, mais de metade das mulheres com menos de 30 anos tiveram contacto com, pelo menos, uma pessoa com suspeita de infeção pelo SARS-CoV-2, sendo que “esses contactos diminuíram com a idade”.

A realização de, pelo menos, um teste de diagnóstico “seguiu uma tendência semelhante, embora com uma descida menos acentuada com a idade”: de 47% (até aos 29 anos) a 33% (a partir dos 60).

Um terço das mulheres mais jovens esteve, pelo menos, uma vez em isolamento profilático, proporção que “diminuiu também com a idade”.

A frequência de diagnóstico de infeção pelo SARS-CoV-2 foi “relativamente constante até aos 59 anos”, sendo que as mulheres mais jovens foram as que reportaram mais infeções no agregado familiar.

"Os Diários de uma Pandemia", também desenvolvidos em colaboração com o jornal Público, visam, com base em dados sobre as rotinas diárias da população, compreender a adaptação à covid-19.

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