16 mar, 2021 - 15:26 • João Carlos Malta
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Um em cada dez doentes com cancro tiveram tratamentos oncológicos suspensos por indicação médica. Segundo um estudo de âmbito nacional realizado pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), foram mais precisamente 13% os doentes nesta situação.
O estudo, que teve como universo mais de 900 doentes oncológicos/sobreviventes de cancro e a mais de 300 familiares/cuidadores, residentes em Portugal, concluiu ainda que dois em cada 10 doentes e um em cada 10 cuidadores ponderaram suspender, por sua iniciativa, os atos clínicos, por medo de se dirigirem aos hospitais.
Mais de metade dos doentes, 57%, tiveram receio de serem infetados por outros doentes e profissionais de saúde. No caso dos cuidadores, 75% tiveram receio que o doente de quem cuidam pudesse ser infetado.
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A nível psicológico, metade dos doentes oncológicos apresentou sofrimento emocional significativo durante a pandemia, valor que aumenta nos casos dos doentes que tiveram tratamentos suspensos (seis em cada 10 doentes).
Os dados mostram que os cuidadores dos doentes oncológicos revelaram um maior impacto emocional durante a pandemia do que os doentes, com seis em cada dez a terem sintomas.
De acordo com os mesmos dados, é ainda possível concluir que três em cada 10 doentes oncológicos e quatro em cada 10 cuidadores manifesta ansiedade significativa. Já no que diz respeito à depressão, 20% dos doentes e dos cuidadores manifesta sintomas.
“Além do enorme impacto que o diagnóstico e o tratamento do cancro representam, doentes, sobreviventes e familiares e cuidadores, são agora confrontados com desafios adicionais, que passam pela necessidade de proteção em relação ao vírus, gerir a ansiedade e incerteza quanto à continuidade do tratamento médico, e adaptar-se às alterações nas rotinas diárias e familiares, incluindo a privação da autonomia e dos contactos sociais”, afirma Natália Amaral, membro da Direção da LPCC.
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Mas o impacto da pandemia nestes doentes também é financeiro. Um em cada 10 doentes e cuidadores diz ter sentido bastante a muitíssima dificuldade em pagar as despesas familiares.
O estudo realizado pela LPCC revela ainda que a maioria dos doentes oncológicos considera-se um doente de risco para a Covid-19 (maior probabilidade de contágio e maior vulnerabilidade a complicações) e que o mesmo acontece com os cuidadores, relativamente aos doentes que cuidam.
Cerca de um a dois em cada 10 doentes revelaram desconhecimento sobre o seu nível de risco.