06 abr, 2021 - 18:42 • Teresa Almeida
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Depois das declarações de um responsável da Agência Europeia do Medicamento (EMA) a um jornal italiano, admitindo um ligação direta entre a toma da vacina da AstraZeneca e os casos de trombose ocorridos em pessoas vacinadas, o organismo europeu não confirma essa relação causa-efeito. As reuniões prosseguem e ainda esta semana haverá conclusões.
Em declarações à Renascença, Hélder Mota-Filipe refere que as reações adversas "são frequentes em novos medicamentos", mas tranquiliza a população em relação à toma da vacina da farmacêutica anglo-sueca, porque, diz, os riscos "ainda nem sequer estão provados".
"O pior que poderia acontecer era as pessoas deixarem de ser vacinadas por causa do risco que é baixíssimo de acontecer", admite.
A Agência Europeia do Medicamento (EMA) não confirma uma declaração de um dos seus responsáveis sobre a relação de causa-efeito entre a toma da vacina da AstraZeneca e a ocorrência de tromboses. Ainda não há uma conclusão e os peritos da EMA continuam a estudar esta situação. É, do seu ponto de vista, uma situação normal?
Primeiro, há que perceber que as reações adversas raras são frequentes em novos medicamentos. Não é um fenómeno pouco comum. Depois, é preciso perceber o que está por trás destas reações adversas sem nunca esquecer que em todos os medicamentos há um benefício e um risco.
Nesta situação, a vacina continua, de longe, a ganhar pelos benefícios relativamente aos riscos que ainda nem sequer estão provados.
Mas é, também, das vacinas que mais dúvidas traz...
... eu não diria que só esta traz. Conforme os medicamentos vão sendo administrados a grande número de pessoas é normal que sejam observados efeitos adversos muito raros.
Covid-19
Informação foi avançada pela Organização Mundial d(...)
Isso quer dizer que, das outras vacinas, ainda não se conhecem esses efeitos adversos?
Podem ainda não se conhecer, pode não haver nenhum efeito adverso raro. O que quero é transmitir alguma normalidade neste tipo de observações. Não podemos esquecer-nos da relevância dos números, isto é: estão descritos algumas dezenas de casos destes em dezenas de milhões de administrações. Se estas pessoas a quem foi administrada a vacina ficassem doentes com Covid-19, a proporção daquelas que morreriam era, de longe muito superior.
Enquanto essas suspeitas não se efetivam, o que deve a comunidade internacional fazer?
Basicamente, é haver muita transparência e muita comunicação. O pior que poderia acontecer era as pessoas deixarem de ser vacinadas por causa do risco que é baixíssimo de acontecer.
O próprio primeiro-ministro já disse que isto seria um 'berbicacho' para a vacinação, porque iria atrasar todo o processo...
... o primeiro-ministro é político, eu sou técnico. Por isso, as nossas análises são em níveis diferentes. Do ponto de vista técnico, o risco de não se ser vacinado é muito superior ao risco que a vacina pode apresentar.
O primeiro-ministro adianta que a Agência Europeia(...)
Por isso, do seu ponto de vista, a vacinação deveria manter-se, apesar da reavaliação estar ainda a ser feita esta semana.
Claro! E é isso acontecerá, certamente. O que é importante é perceber quais são as populações que, apesar de serem efeitos raros, possam ter maior risco e ter isso em consideração na distribuição das vacinas.
Mas essa terá que ser uma indicação da EMA. Acha que é essa indicação que vai ser dada esta semana?
Provavelmente, o que vai acontecer é que será incluída mais informação nos documentos técnicos relacionados com vacina para ter em consideração.
Provavelmente, fatores de risco de alguma população, grupos etários de alguma população. São coisas deste tipo que acontecem frequentemente para outros medicamentos.
E até essas informações serem oficializadas, o que acontece?
Tudo é prematuro. Quando há um problema verdadeiramente importante de saúde pública e de segurança dos medicamentos, há medidas urgentes de segurança. Não é o caso.
Portanto, para a população, não há motivo de alarme.
Não. As pessoas que já foram vacinadas já estão num patamar de segurança que as não vacinadas ainda não estão. Portanto, o que devemos é confiar nas autoridades relativamente à monitorização da segurança das vacinas, bem como de todos os outros medicamentos que estão no mercado.