10 abr, 2021 - 19:31 • Hélio Carvalho
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O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) avançou este sábado que seriam precisos dois meses e meio para Portugal ultrapassar a linha vermelha dos 120 casos por 100 mil habitantes a cada 14 dias, se a incidência se mantiver no ritmo atual. O instituto conclui, no entanto, que o período da Páscoa e o início do atual período de desconfinamento poderão alterar as contas nas próximas semanas.
Num relatório enviado às redações, sobre monitorização das linhas vermelhas, o INSA afirma que "o número de novos casos de infeção por SARS-CoV-2/COVID-19 por 100 000 habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 66, com tendência ligeiramente crescente a nível nacional" e refere que o tempo de duplicação da incidência é de 86 dias.
"À atual taxa de crescimento, serão precisos dois ou mais meses para atingir a linha de 120 casos por 100.000 habitantes", revela o relatório.
O relatório assinado em conjunto entre o INSA e a Direção-Geral de Saúde aponta que o índice de transmissibilidade, Rt, tem subido a nível nacional desde 10 de fevereiro, e apenas no Algarve observa-se "uma redução do Rt em comparação com último relatório (1,19 para 1,05), sugerindo o desacelerar do aumento da incidência na região".
Também é destacada a tendência de descida na ocupação de camas nos cuidados intensivos, sendo que os valores atuais - este sábado estavam internadas 119 pessoas em UCIs - são inferiores "ao valor crítico definido (245 camas ocupadas)".
As autoridades concluem que a situação da pandemia em Portugal é de "transmissão comunitária de moderada intensidade e reduzida pressão nos serviços de saúde", e alerta para "ligeiro aumento da transmissão nas faixas etária mais jovens", apesar de um "menor risco de evolução desfavorável da doença".
O relatório do INSA e da DGS apontam ainda que "o recente período pascal e o início do desconfinamento são fatores que podem interferir na situação descrita, com reflexos visíveis nas próximas semanas". Os especialistas já tinham alertado que o passado fim-de-semana poderá ser crucial na decisão de novas fases de desconfinamento.
A variante britânica do vírus da covid-19 mantém-se a mais prevalente em Portugal, seja no continente ou nas regiões autónomas, e o relatório adianta que a variante britânica é responsável por 82,9% dos casos no país. Já sobre as restantes variantes, o INSA identificou 52 casos da variante sul-africana e 29 casos da variante brasileira associada a Manaus, valores que correspondem respetivamente a frequências relativas dessas variantes em território nacional de 2,5% e 0,4%.
Quanto à testagem, o INSA refere que a percentagem de testes positivos mantém-se "abaixo do objetivo definido de 4%, situando-se nos 1,5% no período entre 2 e 8 de abril (num total de testes realizados de 238.821).
O relatório elogia o facto de terem sido rastreados 95% dos contactos de todos os casos notificados, sendo que o tempo para notificar os casos positivos também diminui - segundo os dados apresentados, "todos os casos de infeção foram isolados em menos de 24 horas após a notificação".