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Covid-19

Ir à vacina de táxi. É gratuito e ajuda um setor estacionado

15 abr, 2021 - 12:00 • João Cunha , Marta Grosso

“Se não forem os idosos, pouco mais serviço temos”, diz um taxista à Renascença. Mas não são idosos que estes táxis transportam. Quem tenha dificuldades de mobilidade pode recorrer a este serviço. Saiba como.

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Há mais de um mês que os taxistas têm sido uma peça chave no processo de vacinação contra a Covid-19. Várias câmaras municipais têm assegurado o transporte de táxi para que os utentes possam ir aos centros de vacinação, o que tem ajudado o setor.

“Hoje, se não forem os idosos, pouco mais serviço temos”, reconhece João Serra à Renascença. Além das vacinas, “levamo-los às consultas, ao centro de saúde; a pessoa quer sair de casa só para ir às compras e voltar, a gente ajuda nas compras e no que pode”, acrescenta o taxista.

Mas ao serviço disponibilizado pelas autarquias não têm recorrido só idosos – há pessoas mais jovens com dificuldades de mobilidade ou deslocação que também usam os táxis para se irem vacinar.

Como recorrer a este serviço?

Os critérios diferem um pouco por todo o país, mas, na maioria dos casos, basta ligar para uma empresa de táxi que faça parte do protocolo estabelecido com a Câmara. Ou então ligar para a própria autarquia ou Junta de Freguesia para esclarecer todas as dúvidas.

O transporte é feito da residência do utente até ao ponto de vacinação, estando também garantido o regresso ao domicílio.

Uma ajuda para os dois lados

A iniciativa das Câmaras está a ajudar os taxistas que, muitas vezes, também fazem de assistentes sociais ao ouvir os desabafos dos utentes.

A Renascença esteve numa praça de táxis provisória, a meia dúzia de metros da entrada do Pavilhão do Parque Desportivo Carlos Queiroz, em Carnaxide (onde o município de Oeiras instalou um centro de vacinação).

Joaquim Martins está dentro do táxi à espera de clientes e diz que a preocupação dos mais velhos, pelo quem tem ouvido, prende-se com a solidão.

“Estão a sentir-se preocupados de estarem sempre fechados e metidos em casa. Montes deles dizem que não veem os netos e veem os filhos pela janela e falam só pelo telefone. Têm mais o espírito de que isto volte ao normal, para poderem ter o fim da vida normal ou com mais dignidade do que o que estão a ser”, conta.

Mas há idosos que se mostram algo apreensivos quanto à toma da vacina, diz Pedro Silva, outro taxista na fila de espera.

"Mostram algumas preocupações ao nível da vacina da AstraZeneca. Têm alguma apreensão”, diz, para acrescentar: “eles falam de tudo um pouco connosco”.

Francisco já levou a vacina e não tem dúvidas quanto às vantagens. “Eu já apanhei o vírus e só vou levar uma vacina. Um colega nosso já levou a da AstraZeneca e está bom na mesma. Isto, as pessoas metem na cabeça que não podem levar a vacina... Isto é para o nosso bem”, afirma este taxista.

João Serra também já foi vacinado e partilha com os clientes a sua história. A primeira noite não foi a melhor, mas foi porque se esqueceu de pôr gelo, tal como lhe tinham dito.

"Já fui vacinado das duas vezes e não tive problema nenhum. Durante a noite doeu-me o braço porque me avisaram para meter gelo e eu não meti. Quando meti gelo passou-me e não tive problema nenhum", conta à Renascença.

Todos os taxistas da reportagem fazem questão de sublinhar que a iniciativa da autarquia de Oeiras – e de tantas outras do país – de pagar o transporte de munícipes aos centros de vacinação não ajudou só os mais velhos, mas também um setor que está praticamente "estacionado" desde o início da pandemia.

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