22 abr, 2021 - 19:12
O Tribunal de Comércio de Guimarães declarou a insolvência da Coelima – Indústria Têxteis, na sequência do pedido apresentado pela fábrica, que assumiu ter um passivo de perto de 30 milhões de euros e cerca de 250 credores.
O anúncio da “sentença de declaração de insolvência”, publicado esta quinta-feira e a que a agência Lusa teve acesso, refere que “foram citados todos os credores e demais interessados”, fixando em 30 dias o prazo para “reclamação de créditos”, que deve ser feita através de requerimento endereçado ao administrador de insolvência nomeado.
A juíza Susana Ribeiro aceitou o nome proposto pela Coelima e nomeou Pedro Pidwell como administrador da insolvência, e determinou “que a administração da massa insolvente será assegurada pela devedora [empresa]”, como pretendia a Coelima.
O anúncio adianta que “foi prescindida a realização da assembleia de credores” e, em consequência, o tribunal determinou que o administrador de insolvência, no prazo de 45 dias, aprecie “a hipótese de apresentação de plano [de recuperação], como requerido” pela Coelima na Petição Inicial (PI) do pedido de insolvência, sustentando que a empresa “é viável”.
De acordo com a PI, apresentada em 14 de abril e a que a Lusa teve acesso, a empresa têxtil, com 253 trabalhadores, declarou estar “numa situação de insolvência iminente, antecipando que a breve trecho se encontrará impossibilitada de cumprir com as suas obrigações nas respetivas datas de vencimento”.
Segundo o relatório e contas, em 31 de dezembro de 2020, a Coelima tinha um ativo contabilístico na ordem dos 31,1 milhões de euros e um passivo superior a 29,5 milhões de euros, “sendo detido por aproximadamente por 250 credores (a esmagadora maioria fornecedores da Coelima)”, refere a PI, acrescentando que a Coelima não tem dívidas à Autoridade Tributária nem salários em atraso.
Entre os credores, “existem dois particularmente expressivos”: a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Fundo de Apoio à Concentração e Consolidação de Empresas (FACCE), que, no conjunto, “representam aproximadamente 80% do total do passivo extra grupo da Coelima, por referência a 31 de dezembro de 2020”.
O banco detém 42% do passivo, mais de 8,5 milhões de euros, enquanto o FACCE representa 38% do passivo, mais de 7,8 milhões de euros.
A empresa, constituída em 1922, e “uma das maiores produtoras de roupa de cama”, que produz essencialmente para exportação para os mercados europeus e norte-americano, justificou o pedido de insolvência com a quebra de vendas “superior a 60%” provocada pela pandemia e com a não aprovação das candidaturas que apresentou às linhas de crédito Covid-19.
Na quinta-feira, os trabalhadores mandataram os sindicatos para avançarem com “todas as formas de luta” no sentido de garantir a continuidade da empresa têxtil e os postos de trabalho.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, Francisco Vieira, disse que a decisão foi tomada após dois plenários realizados durante a tarde de quinta-feira na empresa localizada em Pevidém, concelho de Guimarães, distrito de Braga, que emprega atualmente 253 pessoas.
“Todas as formas de luta estão em aberto. Podem passar por greves, marchas ou outras medidas, sempre em articulação com os trabalhadores. Vamos também envolver a sociedade civil, a Igreja Católica e outras entidades”, apontou Francisco Vieira.
A Coelima integra o grupo MoreTextile, - que é um dos cinco maiores credores - e resultou da fusão, em 2011, com a JMA e a António Almeida & Filhos e cujo acionista principal é o Fundo de Recuperação gerido pela ECS Capital.
A empresa opera na zona Norte do país, no Vale do Ave, concentrando o essencial da sua atividade no polo industrial de Pevidém, em Guimarães.