23 abr, 2021 - 20:47 • Lusa
O Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (Sitema) acusou esta sexta-feira a TAP de não "cumprir integralmente o Acordo de Emergência assinado" com a estrutura, por estes profissionais estarem a ser convocados para rescisões por mútuo acordo.
"O Sindicato de Técnicos de Manutenção de Aeronaves, bem como os associados que representa, não implementarão o Acordo de Emergência, nomeadamente no que respeita à redução voluntária de 15% do período normal de trabalho e a correspondente redução salarial, caso a situação se mantenha", garantiu a organização, em comunicado. .
Na base da decisão do Sitema "está o facto de associados seus estarem a ser contactados para reunião presencial para discussão das opções existentes para rescisões por mútuo acordo quando as cláusulas do Acordo de Emergência assinado entre as partes previam que esta seria a última fase do processo e aplicável, se necessário, após a implementação da redução voluntária de 15% da massa salarial dos seus associados", de acordo com a mesma nota.
Além disso, reclama o sindicato, a TAP não forneceu, "contrariando o que estava previsto no Acordo de Emergência, os dados relativos aos seus associados que já aderiram às medidas voluntárias, o que reduziria o número de pessoas ainda a dispensar".
As estimativas da estrutura apontam que, "com a aplicação de 15% de redução do período normal de trabalho, e consequente redução salarial de todos os associados do Sitema não é necessário dispensar nenhum associado" do sindicato, de acordo com a mesma nota.
O Sitema "não entende por que estão os trabalhadores a ser convocados para estas reuniões, antes de existirem números oficiais acerca da adesão às medidas voluntárias e antes de estarem reunidas as condições para a aplicação da redução de 15% na massa salarial dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (TMA) associados, iniciativas que anulam a necessidade de eliminar mais postos de trabalho", lamentou a estrutura, na mesma nota.
"Objetivamente estamos a perder 15% do nosso vencimento, além dos 25% que todos perdem, para salvar postos de trabalho. Se não salvamos postos de trabalho por que razão estaríamos dispostos a acolher um corte extra de vencimento?", questionou Paulo Manso, presidente do Sitema. .
"Queremos contribuir para a saúde e rentabilidade desta empresa, por isso assinámos um acordo que previa um esforço solidário inter-classe e confiança num documento assinado, em boa-fé, com a TAP. Se uma das partes não cumpre deixa de haver razão para que a outra o faça. É a situação em que estamos", garantiu.
"A dispensa de TMA já é grave por si, pois vamos ficar a trabalhar com menos TMA do que em 2014, quando tínhamos 61 aeronaves e 932 TMA em serviço", afirmou Paulo Manso, acrescentando que "estes números são uma de duas coisas, ou uma ameaça à operação da TAP porque, necessariamente, assim que a retoma se intensificar existirão mais atrasos e voos cancelados, pois os TMA em serviço não conseguirão realizar em tempo útil todo o trabalho necessário, ou uma ameaça à segurança de passageiros e tripulação que voarão em aeronaves intervencionadas com profissionais sistematicamente pressionados pelo tempo".
A Lusa contactou a TAP e encontra-se à espera de resposta. .
A segunda fase das medidas voluntárias da TAP, que decorreu entre 11 e 16 de abril contou com 122 adesões confirmadas, de acordo com uma nota interna enviada aos colaboradores, a que a Lusa teve acesso.
Na primeira fase de candidaturas, "que decorreu entre 11 de fevereiro e 24 de março, das 690 adesões previamente comunicadas, concretizaram-se 669, com um impacto no redimensionamento de cerca de 630 postos de trabalho", segundo a transportadora.
A TAP recordou que "a diferença entre 669 e 630 deve-se ao diferente impacto das várias medidas, nomeadamente a passagem a tempo parcial" de trabalhadores.