Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Trabalhadores dizem que quem lucra com fecho da refinaria de Matosinhos é Espanha

23 abr, 2021 - 20:38 • Lusa

Alinhados com a ideia de que o fecho, anunciado em dezembro de 2020, é um "tremendo negócio" sob a capa da transição energética, os atuais e antigos trabalhadores foram unânimes em referir, num debate realizado esta sexta-feira em Matosinhos, que quem vai beneficiar é o país vizinho. .

A+ / A-

O anunciado encerramento da refinaria de Matosinhos, que deverá ocorrer este ano, vai entregar de "mão beijada e ao desbarato" a sua produção a Espanha, disseram esta sexta-feira os trabalhadores. .

Alinhados com a ideia de que este fecho, anunciado em dezembro de 2020, é um "tremendo negócio" sob a capa da transição energética, os atuais e antigos trabalhadores foram unânimes em referir, num debate realizado hoje em Matosinhos, no distrito do Porto, que quem vai beneficiar é o país vizinho. .

"O mais provável é a região Norte passar a ser abastecida a partir de Espanha", disse Hélder Guerreiro, engenheiro químico e membro da Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal, perante um auditório com cerca de 70 pessoas. .

Além do abastecimento, Hélder Guerreiro falou ainda numa "série de produtos" que só o complexo petroquímico de Matosinhos produz, o que vai obrigar a importá-los. .

Logo, acrescentou, Portugal vai ver a sua dependência externa aumentar. .

Em dezembro, a empresa anunciou a intenção de concentrar as operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines, descontinuando em 2021 a refinação em Matosinhos.

A decisão da Galp de descontinuar a refinação em Matosinhos põe em causa 401 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos.

Na opinião de José Meireles, ex-responsável pelo Departamento de Segurança, o Governo de António Costa está a entregar de "mão beijada e ao desbarato" uma mais-valia aos concorrentes espanhóis. .

A título de exemplo, o antigo funcionário falou no asfalto, produzido apenas na refinaria de Matosinhos, que vai deixar uma série de empresas sem este produto. .

"Quer dizer, vão ter asfalto, mas não ao mesmo preço da refinaria porque vão ter de ir busca-lo a Espanha", vincou. .

Encerrar a refinaria sob a "capa da transição energética" é uma mentira porque ela está classificada entre as melhores da Europa, afirmou José Meireles.

É auditada e inspecionada anualmente por mais do que uma entidade, revelou, acrescentando que há mais de dez anos que deixou de queimar combustível líquido. .

Já para Rui Pedro Ferreira, dirigente do Sindicato da Indústria e Comércio Petrolífero (SICOP), tudo está a acontecer com "cobertura política", acusando o Governo, na pessoa do ministro do Ambiente e do primeiro-ministro. .

"Esta decisão vai ter o seu custo no futuro e os responsáveis são os que estão, atualmente, a governar", salientou. .

Igualmente crítico, Telmo Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (SITE) do Norte e da comissão de trabalhadores, estendeu as responsabilidades ao Presidente da República.

Na sua opinião, se há prova de que a refinaria é importante para Portugal é o facto de esta nunca ter parado de trabalhar desde que a pandemia de covid-19. .

"No momento mais adverso do país nunca parou, esteve sempre a trabalhar, isso demonstra bem a sua importância", comentou. .

A fechar será um "autêntico desastre" para Matosinhos, para a região Norte e para o país, reforçou o vereador da Proteção Civil de Matosinhos, José Pedro Rodrigues. .

Classificando a decisão como uma "vergonha", o vereador comunista lembrou os muitos negócios que vão ser afetados, desde o comércio à restauração, assim como as famílias que vão "sofrer na pele este desastre". .

"Muitos terão, certamente, de emigrar", reforçou. .

O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+