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Henrique Barros

"Em setembro esperamos não ter casos" de infeção de Covid-19 em Portugal, diz epidemiologista

27 abr, 2021 - 12:43 • Cristina Nascimento com Lusa

Especialista, que falava na reunião de peritos do Infarmed, enalteceu a necessidade de cumprir o plano de vacinação.

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O epidemiologista Henrique Barros estima que em setembro Portugal poderá estar livre de casos de infeção de Covid-19.

"É possível, com as medidas de proteção que são tomadas e com a vacinação garantir aqueles valores em que acreditamos que por setembro, se tudo correr normalmente, esperamos não ter casos", disse.

Este especialista em saúde pública e epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, que falava na reunião de peritos do Infarmed, em Lisboa, acredita que tal pode ser conseguido mesmo "com mais variantes mais letais e potencialmente mais transmissíveis, uma presença massiva da variante do Reino Unido".

"A vacinação claramente previne a infeção e previne as mortes, uma vez ocorrida a infeção" e, por isso, é "fundamental continuá-la", acrescentou.

O mesmo especialista adiantou ainda que a probabilidade de um doente morrer por Covid-19 baixou em Portugal de 4%, nos primeiros dois meses da pandemia, para 0,5%.

Henrique Barros, que falou sobre a vacinação, as variantes genéticas do vírus e a mortalidade, adiantou que a redução da probabilidade de morrer por Covid-19 se explica com a testagem, que é agora muito maior, "quando no início apenas se identificavam os casos mais graves", mas também com os efeitos da aprendizagem na capacidade de resposta à doença.

Contudo, há outros fatores que ainda não se conseguem controlar e, por isso, a letalidade subiu em janeiro e fevereiro, disse.

Tomando como ponto o mês de abril, adiantou ainda que a probabilidade de a infeção ter um desfecho fatal, nas condições atuais, é cerca de cinco vezes mais baixo do que no inicio da pandemia e globalmente metade do risco do que foi ao longo do ano.

O especialista apresentou dados referentes a uma amostra de 200.000 voluntários, sublinhando que das respostas obtidas se conclui que 90% das pessoas querem ser vacinadas e que a percentagem maior se centra na faixa etária dos mais velhos (mais de 79 anos) e a mais baixa no intervalo dos 40-49 anos de idade.

Disse ainda que as pessoas com mais rendimentos e maior educação formal "tendem a ser as que mais pretendem ser vacinadas" e que as que têm menores rendimentos parecem menos interessadas no processo de vacinação.

"É preciso ganhar estas pessoas para a vacinação e contrariar a relutância em relação à vacina", afirmou.

Henrique Barros sublinhou o "extraordinário ganho em sobrevida" que a vacina trouxe, sobretudo nos mais velhos e mais frágeis em termos de saúde. .

Ainda sobre a probabilidade de morrer com a infeção, disse que é maior nos homens e que tem uma "variabilidade regional".

Como exemplo, disse que quem se infeta na região da Madeira tem risco menor de letalidade: "Era importante estudar o porquê de tudo isto".

Disse ainda que o risco de morrer está igualmente associado às diferentes variantes do vírus, que ser infetado com a variante que teve origem no Reino Unido aumenta risco de morrer com Covid-19, tal como com a variante sul africana.

Sobre a variante brasileira associada a Manaus, disse que ainda não foi associada a casos de morte em Portugal.

A este respeito, o epidemiologista sublinhou "a necessidade de vigilância epidemiológica muito organizada e muito capaz" de cruzar as pessoas que se infetam, as características do agente (vírus) e contexto em que ocorre a infeção.

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