29 abr, 2021 - 08:10 • Lusa
Os europeus querem metas climáticas mais ambiciosas, sendo Portugal o quarto país com mais cidadãos a pedir um esforço acrescido na redução de emissões de gases com efeito de estufa, indica um inquérito divulgado nesta quinta-feira.
O inquérito, em 12 países da União Europeia (UE), Portugal incluído, é da responsabilidade da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E) uma organização ambientalista de defesa de políticas sustentáveis e que junta 63 associações do setor dos transportes e ambiente de 24 países europeus.
Divulgadas em comunicado pela associação ambientalista portuguesa Zero, membro da T&E, as conclusões do inquérito, que abrangeu um universo de 13.324 pessoas, indicam um grande apoio dos cidadãos ao reforço das metas nacionais de redução de emissões. A UE estabeleceu uma meta de redução de 55% até 2030.
Esse aumento de ambição foi a opinião expressa por 68% dos 88% de inquiridos que se manifestaram sobre o assunto. Os que consideraram que os esforços não devem aumentar foram 24% e foram 8% os que defenderam que, ao contrário, devem diminuir.
Entre os que defenderam mais ambição nas metas para 2030 estão os cidadãos do sul da Europa, com Itália a liderar (85%), seguida da Espanha (79%), Roménia (73%) e Portugal (72%).
Os polacos (68%) e os húngaros (67%) expressaram também por grande maioria que os seus governos devem estabelecer metas mais elevadas de redução de gases com efeito de estufa.
Na Holanda e na Dinamarca, os cidadãos não defenderam maioritariamente o aumento das metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa, escolhendo antes que se mantenham (cerca de 85%). O estudo indicou que o apoio a que pelo menos as metas se mantenham não é inferior a 80% em nenhum dos países onde decorreu o inquérito.
O trabalho mostrou ainda que a vontade de aumentar a ambição climática é maior por parte das mulheres, não se verificando grandes diferenças em termos de faixas etárias.
Em termos gerais, a grande maioria (84%) dos inquiridos apoiou um aumento dos esforços climáticos nos transportes e edifícios através de normas e regulamentos (como limites de emissões de dióxido de carbono nos automóveis). Mas já foram menos de metade os que concordaram que se criem instrumentos de mercado (Comércio Europeu de Licenças de Emissão) que tornem os combustíveis mais caros.
Com base nas conclusões do inquérito, a T&E e a Zero defendem que a Comissão Europeia deve aproveitar o apoio público esmagador a novas normas e regulamentos climáticos para aumentar a ambição nas políticas setoriais, por exemplo em relação às emissões dos automóveis novos.
E dizem que a União Europeia perdeu uma grande oportunidade para fazer subir as metas de redução de emissões até 2030 em 60%, como o Parlamento Europeu tinha pedido.
No comunicado, a associação Zero lembra ainda que a Comissão Europeia se prepara para lançar um pacote de medidas para alcançar a redução de emissões em 55% até 2030. Uma delas relaciona-se com as emissões dos setores dos transportes e edifícios, cujas reduções ou são da responsabilidade dos governos ou são enquadradas no sistema de comércio de emissões de carbono. Se a opção for o mercado de carbono a Zero diz não concordar, e alerta que no inquérito os cidadãos também não concordaram, preferindo o que existe agora, com metas nacionais.