14 mai, 2021 - 14:18 • João Cunha , Cristina Nascimento
Dezenas de imigrantes estão a viver sem condições, em casas sobrelotadas na região de Pegões, no concelho do Montijo. São sobretudo indianos e paquistaneses. Dividem espaços onde residem em condições precárias.
“Há aqui de tudo. Pessoas que vivem com condições de habitabilidade, mas há muitos que não. Vivem em armazéns sobrelotados, em casas que foram transformadas e foram esventradas para ampliar o espaço para que eles possam viver e depois vivem todos ao monte”, descreve à Renascença o presidente da Junta de Freguesia de Pegões, António Miguens.
No troço de Pegões para Vendas Novas da EN 4 são perfeitamente visíveis os locais onde residem: quintas abandonadas, com acessos diretos à estrada ou armazéns agrícolas desativados.
E quantos são? “A minha ideia, a minha perceção é que sejam cerca de dois mil. Só em 2020, passámos, aqui na Junta de Freguesia cerca de 1.200 atestados a imigrantes”, diz o autarca.
Estes atestados permite-lhes ter residência, depois de apresentarem um contrato de trabalho - que não cabe à Junta garantir que é ou não cumprido por parte das empresas de trabalho temporário às quais estes trabalhadores estão ligados.
Muitos destes trabalhadores vão, todos os dias, de Pegões ao concelho de Odemira. "Vão em viaturas ligeiras de nove lugares, mas também em autocarros fretados que levam daqui os imigrantes para Odemira, para a comporta", conta o autarca.
Muitos dos responsáveis dessas empresas de trabalho temporária criadas à pressa para não perder o negócio, não se preocupam em esconder sinais de riqueza. "Anda montados em bons carros, carros novos. Disseram-me que essa empresa de 300 trabalhadores é liderada por um paquistanês", afirma António Miguens.
O presidente da Junta de Freguesia de Pegões garante que as situações já foram reportadas.
“A Assembleia de Freguesia aprovou uma moção por unanimidade a manifestar as suas preocupações e essa moção foi enviadas para várias entidades oficiais, nomeadamente o Presidente da República, o primeiro-ministro, o ministro da Administração Interna, Autoridade Tributária, SEF”, enumera.
No entanto, até agora António Miguens aguarda por uma resposta à missiva e por uma solução que traga dignidade a todos estes imigrantes.