18 mai, 2021 - 14:00 • Beatriz Lopes , Olímpia Mairos
Não há qualquer evidência científica que comprove que a vacina contra a Covid-19 pode estar na origem de mortes. O alerta é de Luís Graça, imunologista e membro da Comissão Técnica de Vacinação.
Depois de terem sido registadas em Portugal mais de 5.660 suspeitas de reações adversas às vacinas e ainda 35 casos de morte, maioritariamente em idosos que tinham condições de saúde mais frágeis, o especialista sublinha à Renascença que a morte dos idosos pode estar associada a outras causas.
“Sempre que existe alguma doença grave ou morte poucos dias a pós a vacinação, isto tem que ser reportado e tem que ser investigado”, esclarece Luís Graça, referindo que “nestas muitas pessoas idosas que tomaram vacinas, houve algumas pessoas que poucos dias depois da vacinação, infelizmente acabaram por morrer. E aquilo que se procura identificar é se essa morte está relacionada com a vacinação”.
E, segundo o especialista, a morte dos idosos pode estar associada a outras causas.
“Neste momento, não há evidência nenhuma que essas mortes que ocorreram após a vacinação tenham sido uma consequência da própria vacinação. Por isso, acho que podemos ter confiança em relação à segurança das vacinas”, afirma Luís Graça.
Pandemia
Mais de um terço são reações consideradas graves e(...)
Já em relação às mais de 5. 660 suspeitas, Luís Graça sublinha que os efeitos secundários produzidos pelas vacinas estão na maioria das vezes associados apenas à reação do sistema imunológico.
“A vasta maioria dos casos que são classificados como graves, são uma consequência dos efeitos adversos que são esperados da vacinação e são uma consequência da resposta imunitária – casos de febre, cansaço, dor de cabeça - são eventos normais que acontecem após esta vacinação ou qualquer vacinação, porque é uma consequência da ativação dos sistema imunitário e habitualmente são classificados como graves, se são tão intensos que a pessoa, no dia a seguir à vacinação, não está em condições de ir trabalhar”, explica à Renascença.
O imunologista e membro da Comissão Técnica de Vacinação afirma ainda que em relação “à generalidade desses muitos casos reportados como muito graves, e que são investigados, existe essa preocupação pela segurança, não representam outra coisa que não seja esta resposta do sistema imunitário que nessas pessoas é mais exuberante”.
Já noutro plano, Luís Graça defende que quem já teve Covid-19 deve continuar a esperar seis meses para poder ser vacinado.
“Sabe-se que os dados de serologia, os dados de anticorpos, não são indicativos do estado de proteção das pessoas. A eficácia das vacinas, por exemplo, não é medida nos ensaios clínicos pela quantidade de anticorpos que são produzidos, mas, sim, pela proteção que as pessoas vacinadas têm contra a infeção”, afirma o imunologista.
Recorde-se que o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge revelou recentemente um estudo serológico que conclui que os anticorpos de quem já teve a doença baixam ao fim de três meses, mas Luísa Graça desvaloriza o estudo e aponta para evidências científicas patentes em vários estudos realizados em diversos países do mundo.
“Todos os estudos são unânimes, não há um único estudo que mostre um panorama diferente que as pessoas, até pelo menos oito meses após a infeção, estão protegidas da doença que é causada pelo vírus, ao mesmo nível ou a um nível melhor do que a proteção que é conferida pelas vacinas. Por essa razão, a recomendação de vacinar as pessoas que tiveram uma infeção prévia seis meses após a infeção, está de acordo com a melhor evidência científica conhecida”, sustenta o imunologista.