31 mai, 2021 - 15:30 • Liliana Monteiro
A 13 dias da data que assinala os santos populares em Lisboa, ainda ninguém sabe, oficialment,e se vai haver arraiais e até mesmo quais as regras a aplicar
A autarquia, a DGS, o Governo e a Polícia nada dizem sobre o assunto. Todas as questões sobre este tema esbarraram num manto de silêncio.
As orientações sobre este assunto deverão surgir amanhã, terça-feira, mas, entretanto, a Renascença contatou um vasto leque de entidades e não conseguiu uma única resposta.
A Câmara de Lisboa não tem para já qualquer explicação ou resposta à pergunta: “Como serão os santos populares este ano?”
O Ministério da Saúde afiançou que articulará a resposta às questões com a Direção-Geral de Saúde (DGS), a quem a Renascença também dirigiu uma pergunta sobre quais serão as regras durante os santos populares. A pergunta feita há pelo menos uma semana está sem resposta.
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Continuando a tentar obter informações, as questões enviadas ao Ministério da Administração Interna (MAI) e à Direção Nacional da PSP tiveram a mesma sorte. Nem uma nem outra entidades deram ainda informação sobre o eventual reforço de patrulhas e fiscalização policial na noite de 12 para 13 deste mês.
A Renascença contatou ainda o gabinete de António Costa, que também nada informou sobre regras especificas para os santos populares sejam eles em Lisboa ou no Porto.
Ao que a Renascença apurou a junta de freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa − que abrange todos os bairros históricos onde a comemoração dos santos populares é forte − aguarda orientações da autarquia.
Nem a própria Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), sabe ou tem informações para responder à questão: “Vai haver ou não festa e arraiais?”
Mas nesta altura, são já poucas as esperanças das coletividades da capital. Não acreditam que os arraiais sejam viabilizados.
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Em Alfama, há muito que se sabe que não vão poder sair à rua, e os organizadores das festas consideram que seria impossível, nesta altura, fazer à pressa os tradicionais arraiais.
"Se me disserem que é para seguir o formalismo anterior é impossível. Temos de apresentar candidaturas, plano de evacuação, pedir licenças, contratações de artistas e estruturas de palco, wc, contentores de lixo. Uma panóplia de requisitos que a 12 dias do evento é impossível ser concretizado", argumenta João Ramos, responsável pela marcha de Alfama e membro da coletividade.
A legislação em vigor não serve para os arraiais explica a mesma fonte. "Tendo em conta a atual legislação, fazer arraiais até às 22h30 é absolutamente inviável. Não nos vão dizer que podemos concentrar as pessoas até essa hora e que depois nos cabe a nos fazer cumprir a lei”, concretiza.
Ramos argumenta que “está tudo lançado para que não consigamos dominar a situação”. “Não vamos abrir uma caixa de fósforos para depois quando tivermos de chamar os bombeiros nos digam não, não, agora são vocês que têm de resolver o problema porque foram vocês que o criaram", ilustra.
O risco, neste momento, não compensa o desejo da festa. João Ramos diz que "infelizmente a maioria das pessoas que frequenta os arraiais não está vacinada” e “é preciso meter isso na cabeça de uma vez por todas”.
Por enquanto, aguarda-se uma posição oficial, mas na opinião deste organizador a mesma vai pecar por tardia.
"Espero que a Câmara como fez para as associações organizadoras das marchas, faça para as associações organizadoras de arraiais. Dizer, ainda que tarde, 'Nós sabemos quais são as vossas dificuldades e cá estaremos para vos ajudar a compensar os prejuízos'", pede.
Já na Voz do Operário, um espaço fechado onde se pode controlar a concentração de pessoas, Vítor Agostinho, presidente daquela instituição, explica que à semelhança do ano passado vai haver arraial. Chama-se Retiro e terá capacidade para 100 pessoas.
O mesmo garante que haverá distanciamento social e que as regras sanitárias estão garantidas.
"Vamos chamar-lhe Retiro Beco de Lisboa. As pessoas vão ter de fazer marcação das mesas que vão ter o devido distanciamento. Vai haver um ecrã gigante onde vamos homenagear as marchas populares e o fado. Tudo em vídeo. As mesas serão de oito a 10 pessoas. A capacidade do espaço é para 100 pessoas. Há um plano que garante a entrada e a saída por zonas distintas", afiança Agostinho.
Pelo segundo ano consecutivo Lisboa não terá duas das suas mais tradicionais procissões, uma delas a de Santo António, a 13 de junho, a outra a do Corpo de Deus, que se assinala já na próxima quinta-feira, dia 3 de junho.
Na Igreja de Santo António, junto à Sé, este domingo, 30 de maio, celebrou-se já a festa da Canonização do Santo lisboeta.
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