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Lições da pandemia. “Nenhum ser humano se vai salvar sozinho”, diz Gouveia e Melo

02 jun, 2021 - 12:34 • Marta Grosso

O coordenador da “task force” para a vacinação contra a Covid-19 foi um dos intervenientes no congresso promovido pela Ordem dos Médicos, em Coimbra, e partilhou com a audiência o que aprendeu com a sua missão.

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“Conseguimos fazer uma coisa muito complexa”, afirmou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo nesta quarta-feira, referindo-se ao processo de vacinação contra a Covid-19, que em agosto terá alcançado 70% da população portuguesa.

“Muito complexa, porque era massiva e urgente. Podia ser massiva e podermos fazer em 20 anos e ser urgente e termos apenas 20 pessoas, mas era massiva e urgente. Cerca de 16 milhões de inoculações em seis ou sete meses não é fácil”, admitiu perante a audiência do congresso promovido pela Ordem dos Médicos em Coimbra.

Depois de todo este tempo à frente da “task force”, Gouveia e Melo diz ser possível retirar lições, a mais importante das quais será que ninguém está nem sobrevive sozinho. Mas, antes, o vice-almirante enumerou outras.

  • “Sem foco não há progresso. Sou abordado por grupos que querem ser vacinados porque acham que são muito importantes. Todos são importantes, mas mais importante é vacinar a população o mais rapidamente possível e, fazendo isso, estamos a vacinar esses grupos. O foco é conseguir a imunidade de grupo, seja aos 70% ou aos 80%”
  • “Temos de ter a humildade de ir aprendendo com o processo. A isso chama-se flexibilidade, mas não pode ser tanta que façamos 180 graus e andemos em sentido contrário. Deve ser 10 a 20 graus para cada lado de rumo, em linguagem da Marinha, mas mantendo o rumo”.
  • “Ser obstinado, no bom sentido. Não deixar que outros processos e outros interesses influenciem o processo principal que tem a ver com a manutenção do foco e dos objetivos”.
  • Importância de ajudar os países pobres a vacinar-se. “Algo que me toca enquanto militar e ser humano. O ser humano muitas vezes é egoísta. Quando diz que é mais importante do que os outros e não consegue esperar cinco minutos por uma pessoa que está ali e já lá estava. Uma das formas piores desse egoísmo humano é o efeito bumerangue de os países ricos não ajudarem os mais pobres a vacinar- Esse efeito pode vir a atingir os países ricos”.
  • “Última palavra que gostaria de vos deixar enquanto meu testemunho é que, no fim de tudo, nenhum ser humano vive isolado, somos uma comunidade. Nenhum ser humano se vai salvar sozinho e, mesmo que conseguisse, para quê? Para ficar sozinho?”

“Enquanto houver um sítio no mundo onde o processo não esteja completo”, esse local “será incubadora de vírus mais violentos que nos poderão vir atacar”, sublinhou também.

Segundo Gouveia e Melo, do “azar ou sorte” que esta pandemia trouxe, “a grande lição que temos de tirar é nós somos uma comunidade e só assim conseguimos reagir, quer com investigação científica a criar vacinas, quer a vacinar-nos todos, quer a ajudar-nos todos”.

“Não somos uma ilha, somos um continente”, resumiu, pedindo aos mais jovens que tenham cuidado nos convívios.

Na sua intervenção, o coordenador da “task force” confirmou ainda que, até agosto, 70% da população estará vacinada e que, no final desse mês, será iniciada a vacinação das pessoas com 20 anos.

Também nesta quarta-feira, mas na Bulgária, o Presidente da República avançou os números da vacinação em Portugal: dois milhões com a vacinação completa, três milhões e meio com a primeira dose.

Todos somados “àqueles que estão tendencialmente imunizados porque infetados e que são cerca de 900 mil, dá-nos mais de seis milhões – quase seis milhões e meio – de portugueses que têm alguma proteção” contra a doença causada pelo novo coronavírus, afirmou.

Comentários
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  • FIlipe
    03 jun, 2021 évora 18:43
    Gente demente , uma doença "nova" para encobrir outras já velhas mais mortais , até interessa , enquanto se lavam as mão com a Covid ... outras estão a matar de forma silenciosa . Até parece que o humano só tem na sua agenda de doenças mortais a Covid . Já forma medir os anti corpos dos vacinados em Dezembro ? Corram ... pois terão de os vacinar novamente se querem imunidade . Imunidade é a maior venda da banha da cobra a seguir à feira da Ladra . Seria assim se a vacina fosse pelo menos como a do Tétano .. de 20 em 20 anos . Mas infelizmente nem 4 meses poderá ter efeito .
  • Ivo Pestana
    03 jun, 2021 Madeira 11:32
    Palavras sábias. Este Sr. merece ser candidato a Presidente da República, por duas razoes. Sabedoria e patriotismo.

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