14 jun, 2021 - 12:38 • Olímpia Mairos
A chuva forte e o granizo que caíram ao final da tarde de domingo provocaram elevados prejuízos em freguesias do concelho de Vila Real.
“O granizo voltou a atacar muito forte nas vinhas. Algumas das que tinham escapado da outra vez [em 31 de maio] ficaram todas danificadas, as linhas de água, os terrenos, muita água rebentou com os muros, com os patamares”, conta o presidente da Junta de Freguesia de Guiães.
Paulo Correia refere que as culturas mais afetadas foram a vinha e o olival, observando que os “prejuízos são enormes”.
“Oliveiras foram arrancadas e arrastadas pela água”, exemplifica o autarca de freguesia.
O granizo atingiu sobretudo “a corda” entre Abaças, Guiães e Bujões, zonas inseridas na Região Demarcada do Douro e onde a viticultura é a principal atividade económica.
Rita Ferro, viticultora com cerca de 15 hectares de vinha, conta à Renascença que perdeu praticamente tudo.
“Está tudo estragado, está tudo destruído", lamenta a viticultora, acrescentando que, se há agricultores que tinham 60% de prejuízo, agora têm 90 a 100%”.
A engenheira agrícola descreve um cenário desolador, “videiras só com os tocos, pessoas a chorar, desesperadas” e não tem dúvidas de que a vindima deste ano está feita e a do próximo comprometida.
“Ficamos sem vindima e sem perspetivas de futuro. O que apetece é abandonar isto. Estamos a falar em parcelas que já foram tratadas sete vezes e esta dupla fustigação de granizo deixou os agricultores daquelas parcelas sem sustento no final do ano e as pessoas sem trabalho”, afirma a viticultora.
Grande parte dos afetados pelo mau tempo não tem seguros de colheitas, porque, diz Rita Ferro, apesar de “toda a gente ter vontade de fazer o seguro, quando se vai fazer o seguro para ser enquadrado nas regras do aviso aberto, vemos que tem que ser um volume de agricultores todos juntos muito grande e é quase impossível juntar a área que pretendem em pequenos agricultores”.
“É quase propagandear uma medida que, quando vemos na especificidade, não ajuda nada”, constata a viticultora, concluindo que, “se houvesse boa vontade do Governo, conseguiria, com outras medidas que já estão abertas noutras situações, ajudar um bocadinho os agricultores destas zonas afetadas”.