29 jun, 2021 - 13:45 • Henrique Cunha
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“A grande maioria das pessoas em condição de sem-abrigo, nomeadamente sem teto está vacinada”. O gestor da Estratégia Nacional de Integração dos Sem-Abrigo, Henrique Joaquim, revela à Renascença que “em alguns concelhos o processo está mesmo fechado”.
O responsável garante que “a significativa maioria dos que aderiram e que aceitaram estão vacinados”.
Henrique Joaquim adianta mesmo que alguns daqueles que em abril tinham resistido, “posteriormente vieram a manifestar vontade e os serviços têm estado a atualizar essas listas em conjunto com os serviços locais de saúde para proceder à vacinação dessas pessoas”.
O gestor da Estratégia Nacional de Integração dos Sem-Abrigo refere que “para este grupo-alvo a estratégia teve de passar por sermos nós, com as equipas locais, a fazer o levantamento das pessoas que estavam na condição de sem-abrigo, e que estavam disponíveis e que queriam efetivamente ser vacinadas”.
“Feito esse levantamento por cada concelho foi entregue à ‘task force’ e a ‘task force’, juntamente com os serviços locais de saúde, encontraram as estratégias mais adequadas a cada contexto.”
Este procedimento permite dizer que, “neste momento, a significativa maioria das pessoas em condição de sem-abrigo, nomeadamente sem teto está vacinada, senão na totalidade, praticamente na totalidade”.
Henrique Joaquim assegura que “foi um processo que foi muito sereno, muito tranquilo”, que permitiu, “inclusive, junto de alguns serviços locais adicionar pessoas à vacinação que num primeiro momento se tinham recusado a serem vacinadas”.
“Eu diria que a taxa de vacinação deste grupo é muito elevada, embora seja difícil estar aqui a por números, mas diria que a grande maioria das pessoas que aderiram, que aceitaram em todas as áreas do Algarve ao Norte estão vacinadas, e em alguns concelhos até na sua totalidade, já com o processo fechado”, sublinha o responsável.
A outro nível, o gestor da Estratégia Nacional dos Sem-Abrigo adianta que já “está feito o levantamento nacional, envolvendo todos os municípios” sobre o impacto da pandemia junto dos mais desfavorecidos.
Contudo, Henrique Joaquim considera prematuro avançar com conclusões, porque “ainda estamos a analisar os dados e a “estudar a recolha feita”.
O responsável garante ser sua intenção divulgar essa informação, mas perante a insistência da Renascença sobre o eventual aumento de número de pessoas sem-abrigo em Portugal por causa da pandemia, prefere ser cauteloso. “Queremos que a informação que venhamos a publicitar seja fiável, e consistente com a metodologia que seguimos nos últimos anos”, afirma.
Henrique Joaquim acredita que “nas próximas semanas estaremos em condições de partilhar essa informação, quer com as organizações, com os municípios que trabalham connosco nível nacional, quer também com a opinião publica porque um problema social desta natureza não é de duas ou três organizações, não é do governo, é de todos”.
Em Portugal, de acordo com os dados relativos a dezembro de 2019, “o número de pessoas sem-abrigo – sem teto e sem casa - era de cerca de sete mil, sendo que mais de metade, cerca de 60% estavam na condição de sem casa, havendo um registo ainda muito significativo do número de pessoas no extremo que urge dar mais prioridade que é a das pessoas que estão efetivamente sem teto ou em alojamentos de emergência”.
Na Europa, e de acordo com as estimativas da União Europeia, há 700 mil pessoas a viver em situação de sem-abrigo.
Nesta entrevista à Renascença, Henrique Joaquim admite ter uma “grande esperança e uma forte convicção” de que Plano de Recuperação e Resiliência (PPR) “vai ser um instrumento muito, muto importante, concretamente neste âmbito da habitação e também no domínio do combate à pobreza e da ação social”.
“Haverá um investimento fortíssimo em novas respostas sociais e numa lógica de intervenção mais personalizada, mais junto das populações em todas regiões do país, nomeadamente no interior”, afirma.
“Mas claramente aqui no plano da habitação nós temos mais de 100 milhões de euros para investir numa bolsa nacional de alojamento urgente que pretende não só congregar todas as respostas que já existem para alojamentos de emergência e evitar que as pessoas tenham de ficar numa situação de rua, como também por exemplo alocar património que neste momento seja necessário reabilitar para estes fins”, sublinha o responsável, que encontra no PRR “uma oportunidade fantástica”.
Henrique Joaquim refere que “o levantamento das necessidades está feito” e que “o plano vai ser apresentado muito brevemente”.
“Quando estamos a falar de suprir necessidade de habitação de pessoas que estão na rua, ou pessoas que estão na iminência de ficar sem habitação, vai ser um instrumento crucial porque, acima de tudo, nós temos que nos preocupar com as pessoas que estão nesta condições, mas temos que também pôr na agenda a necessidade de sabendo as causas que levam a pessoa a esta situação trabalhar na prevenção”, refere o responsável, que acredita ser possível “nos próximos anos ter resultados muito positivos nesse campo”.