Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Rússia

CNPD diz que a culpa é da Câmara de Lisboa, não do encarregado de dados

01 jul, 2021 - 20:39 • Lusa

Presidente da Comissão Nacional de Proteção de Dados discorda da exoneração de Luís Feliciano e critica a autarquia e por permitir que o encarregado de dados acumulasse aquelas funções com a de coordenador de projeto, considerando que “não ficou salvaguardada uma prevenção de conflito de interesses”.

A+ / A-

A presidente da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) defendeu esta quinta-feira que o encarregado de proteção de dados da Câmara de Lisboa não deve ser destituído, sublinhando que a responsabilidade deve ser imputada apenas ao município.

Filipa Calvão foi ouvida esta quinta-feira à tarde no parlamento pela Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias a propósito da transmissão por parte da Câmara Municipal de Lisboa de dados pessoais de manifestantes a entidades terceiras, nomeadamente embaixadas.

Um dos pontos abordados pela presidente da CNPD foi a proposta da Câmara de Lisboa de exonerar o encarregado de proteção de dados do município e também coordenador da equipa de projeto de proteção de dados pessoais, Luís Feliciano, na sequência desta polémica, o que, no entender de Filipa Calvão, não encontra fundamento no Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD).

“Uma questão a saber é se em algumas circunstâncias podem os encarregados ter aqui alguma falha que justifique a sua destituição ou afastamento das suas funções. Desse ponto de vista, o RGPD é bastante claro a determinar que não pode ser destituído, nem prejudicado ou penalizado pelo exercício das suas funções”, afirmou.

Ainda a este propósito, a presidente da CNPD criticou a Câmara de Lisboa por ter permitido que Luís Feliciano acumulasse as funções de encarregado e coordenador de projeto, considerando que “não ficou salvaguardada uma prevenção de conflito de interesses”.

“Quando muito, aquilo que se pode perguntar é se neste contexto terá cumprido a sua função. Na relação entre o encarregado de proteção de dados e o topo do município de Lisboa a interação era com o vice-presidente, mas reitero que a responsabilidade do tratamento só pode ser imputada ao município de Lisboa”, insistiu.

Outro dos pontos abordados pela responsável da CNPD foi a prática da Câmara de Lisboa na comunicação feita a entidades terceiras, nomeadamente embaixadas, sobre a realização de manifestações, adiantando que não se trata de um procedimento adotado por outros municípios.

“As informações que a CNPD recolheu até agora demonstram que essa prática não está a ser seguida noutros municípios. Tanto quanto agora nos foi possível perceber essa prática é exclusiva do município de Lisboa”, ressalvou.

Filipa Calvão deu também conta aos deputados do projeto de deliberação da CNPD sobre violações à proteção de dados da Câmara de Lisboa a respeito de manifestações, no qual consta um total de 225 contraordenações, ficando a autarquia sujeita a coimas, por cada uma, até 10 a 20 milhões de euros.

“Detetámos comunicações que na nossa perspetiva não encontram fundamento, nem base legal para que se tivessem realizado. Entendemos que o diploma aplicado não legitima o município a transmitir esta informação a entidades terceiras. Poderá justificar-se em alguns casos a informação de que vai ser realizada a manifestação, mas não a informação sobre os promotores”, argumentou.

Questionada sobre um eventual pedido de isenção de pagamento da coima por parte da Câmara de Lisboa, a presidente da CNPD defendeu que “deve existir uma igualdade de tratamento entre as entidades privadas e públicas”.

“O regime de dispensa de aplicação de coima parece-nos ser um regime muito excecional, sob pena de estarmos aqui a violar a igualdade de tratamento de organizações públicas e privadas”, atestou.

A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) identificou 225 contraordenações nas comunicações feitas pela Câmara de Lisboa no âmbito de manifestações, ficando a autarquia sujeita a coimas, por cada uma, até 10 a 20 milhões de euros.

Na sequência de uma participação - que deu entrada na CNPD em 19 de março - relativa à comunicação à embaixada da Rússia em Portugal e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo de dados pessoais dos promotores de uma manifestação, efetuada pelo município de Lisboa, a comissão de proteção de dados abriu um processo para averiguar a denúncia.

Segundo o projeto de deliberação da CNPD, conhecido esta quinta-feira, 111 contraordenações dizem respeito à comunicação de dados a terceiros, 111 são relativas à difusão de informações para serviços e gabinetes municipais, existindo ainda uma comunicação que viola o “direito de informação”, outra que põe em causa o princípio da limitação da conservação de dados e, por fim, uma contraordenação por ausência da avaliação de impacto sobre a proteção de dados (AIPD).

A coima relativa à contraordenação pela ausência da avaliação do impacto sobre a proteção de dados pode atingir 10 milhões de euros, enquanto as restantes 224 podem ir, cada uma, até aos 20 milhões de euros.

A CNPD defende no documento que a autarquia “procedeu a um conjunto de operações sobre informação relativa a pessoas singulares, no exercício de uma atividade pública específica, da qual resulta necessariamente impacto na privacidade e na liberdade daquelas e tinha obrigação de conhecer o enquadramento legal em que poderia, de facto, realizar esse conjunto de operações”.

A Câmara de Lisboa agendou para esta quinta-feira a exoneração do encarregado de proteção de dados do município e coordenador da equipa de projeto de proteção de dados pessoais, Luís Feliciano, na sequência deste caso, mas a votação foi adiada para sexta-feira.

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • FIlipe
    02 jul, 2021 évora 12:03
    O sistema está completamente oligárquico , absorvido por interesses ocultos e manipulado por obediência ao nazismo . Impera em Portugal hoje o culto ao Imperador . As entidade como a CNPD , Provedoria de Justiça , Ministério Público e Magistratura Judicial . vergam-se hoje ao Imperador nazi do Parido Nacional Socialista . Um exemplo , fala-se hoje de proteção de dados de uns quantos ativistas Russos covardes e criminosos vigiados pelo KGB e CIA . Quando metem crianças Portuguesas menores de idade a revalarem na plataforma ZOOM dados sensíveis , imagem e a vida privada na habitação dos mesmos , onde os servidores são controlados pelo governo Chinês e lá estarão armazenados esses dados durante tempo suficiente para serem verificados . Quem é o encarregado de proteção de dados nas plataformas d ensino à distância ?

Destaques V+