04 jul, 2021 - 10:00 • Redação
“É uma corrida contra o tempo”, assume o Primeiro-ministro em entrevista ao “Público”. António Costa reconhece que a velocidade da vacinação corre em paralelo com a velocidade de propagação do vírus da Covid-19.
Costa diz que entrámos numa fase em que há uma corrida entre a velocidade da vacinação e a velocidade com que o vírus se vai transformando e transmitindo.
O governante acredita que a Europa pode encarar com otimismo a possibilidade de chegar ao final do verão com uma taxa de vacinação muito elevada da população. Contudo deixa dois alertas: Não se pode esquecer que o vírus vai continuar a circular noutras regiões do mundo, mais atrasadas na vacinação; e que as mutações vão continuar, havendo o risco de o novo coronavírus mudar tanto, que as vacinas usadas na Europa podem deixar de abranger as variantes.
O Primeiro-ministro sublinha que a Europa deve apoiar a luta contra a pandemia à escala global, realçando a importância do acordo no G7, dos países mais ricos, que vão doar um milhão de vacinas.
Lembra ainda que a União Europeia vai apoiar com mil milhões de euros o aumento da produção de vacinas em África.
A pandemia provocou pelo menos 3.957.862 mortos em todo o mundo, resultantes de mais de 182,5 milhões de casos de infeção, segundo o balanço mais recente feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.112 pessoas e foram registados 887.047 casos de infeção, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
Nesta entrevista, no âmbito dos seis meses de presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, o primeiro-ministro faz ainda o balanço do que foi feito e do que ainda falta fazer.
“A ideia de que a Europa é governável por um diretório franco-alemão acabou”, sublinhou.
Nestas declarações, primeiro-ministro disse que não valoriza “em excesso” a Alemanha ter colocado Portugal na “lista vermelha” de viagens, considerando que pode estar em causa "uma dúvida sobre a aplicação de regras novas".
O chefe de Governo destacou que o certificado digital Covid-19 permite “estabilizar os critérios de circulação dentro da União”, mas ressalvou que “a própria regulamentação prevê que qualquer Estado pode recorrer a uma espécie de travão de mão para situações específicas”.
“Não há um problema de crispação”, salientou na entrevista, em que fez um balanço da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, concluída no passado dia 30 de junho.
Apontando que “a Alemanha, por razões várias, tem tido uma política particularmente restritiva e cautelosa na gestão da pandemia, umas vezes com razão, outras sem ela”, António Costa considerou que a atitude alemã “pode ser apenas uma dúvida sobre a aplicação de regras novas” que os países estão “todos a aprender a aplicar”.