06 jul, 2021 - 08:56 • João Cunha , Olímpia Mairos
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A quarta vaga da pandemia está a fazer aumentar o número de internamentos no país e voltou a ser preciso abrir novas camas nos cuidados intensivos (UCI). O diretor de Medicina Intensiva do Hospital de São João e presidente do Colégio de Medicina Intensiva da Ordem dos Médicos alerta para a alteração no perfil dos hospitalizados.
José Artur Paiva diz que a vacinação está a contribuir para que se verifiquem menos casos graves de Covid-19, mas está na hora de ativar todas as camas possíveis.
“A vacinação reduz francamente as formas mais graves da doença, portanto, esse crescimento do número de casos não vai levar à duplicação dos casos em medicina intensiva, semelhante àquele que ocorreu na segunda onda”, explica.
Em entrevista, o especialista lembra que, “em outubro do ano passado, tínhamos um tempo de duplicação de casos em medicina intensiva que era de cerca de duas semanas, mas agora será bem mais lento”.
Ainda assim, assinala que “o aumento da transmissão comunitária causa um aumento da necessidade de camas de medicina intensiva e, portanto, este é o momento de ativar todas as camas de medicina intensiva disponíveis”.
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José Artur Paiva, que é membro da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a Covid, indica ainda que o perfil do doente Covid mudou e é agora cada vez mais jovem.
“O perfil é diferente pela diminuição franca do doente idoso ou do não tão idoso, mas com comorbilidades, com doenças prévias significativas. Aí as formas de grave doença foram muito diminuídas porque a vacinação está muito avançada nesses grupos etários. Portanto, ficou o outro segmento que já existia, que é do individuo mais jovem e que não tem doença previa significativa e tem uma qualidade de vida normal”, explica.
De acordo com José Artur Paiva, “a incidência de formas críticas neste grupo não aumentou, a média de idades diminuiu, porque foi reduzido o segmento de pessoas mais idosas com formas graves”.
“Nesta altura, à escala nacional, dois terços dos doentes com Covid-19 internados em medicina intensiva têm menos de 60 anos. Já 40% têm menos de 50 anos”, assinala.
Por isso, defende ser necessário manter as medidas de proteção por parte da população e aumentar a rapidez da vacinação.
Desde logo, “é preciso acelerar a vacinação” e manter “as intervenções não farmacológicas. Ou seja, continuar com um comportamento de proteção individual e social que reduza as possibilidades de transmissão do vírus”, assim como, “manter uma boa utilização da capacitação que foi feita da medicina intensiva”.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.117 pessoas e foram registados 890.571 casos de infeção, de acordo com a Direção-Geral da Saúde. A presença da variante Delta está a gerar uma subida de novos casos diários.
Presidente da Comissão de Acompanhamento da Respos(...)