13 jul, 2021 - 17:55 • Henrique Cunha
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O ritmo de crescimento de novos casos de Covid-19 está a abrandar em Portugal, sobretudo na região Norte. Óscar Felgueiras, professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, chega a esta conclusão depois de uma análise comparativa ao registo de casos nas duas últimas semanas.
Em declarações à Renascença, o especialista em epidemiologia alerta, também, para a necessidade de não se repetirem fenómenos de “supertransmissão” da doença face à prevalência da variante delta em praticamente todo o país.
Óscar Felgueiras afirma por outro lado que, apesar de ainda não ser possível estimar quando vai ocorrer o pico de transmissão, "o Algarve e a região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) devem aproximar-se mais facilmente deste do que o Norte e o resto do país".
Nestas declarações à Renascença, o especialista começa por explicar a sua ideia, segundo a qual está a abrandar o ritmo de transmissão da Covid-19 em Portugal.
Portugal registou esta terça-feira cerca de 480 mais casos do que na terça-feira da semana passada e, de ontem para hoje, há também um aumento de infeções. Ainda assim, o professor Óscar Felgueiras acredita que podemos estar perante um abrandamento no ritmo de crescimento da Covid-19 em Portugal.
“Podemos falar em abrandamento de crescimento. Ou seja, continua a aumentar o número de novos casos, mas a um ritmo menor do que era a semana passada. Se olharmos para esta última semana face à anterior, observamos um aumento de cerca de 27% no número de novos casos. Ao que se fizéssemos essa mesma análise na semana anterior à última tínhamos tido um aumento de 48%. Esta redução de 48% para 27% que nos permite observar que de facto há aqui um abrandamento no crescimento.”
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O abrandamento do ritmo de crescimento de casos de Covid-19 é mais sentido na região Norte, sublinha o especialista.
“É na generalidade do território continental com eventual exceção do Alentejo. E sente-se particularmente na região Norte, por exemplo onde houve um aumento muito grande na semana anterior derivado certamente de um momento de supertransmissão entretanto ultrapassado.”
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“Ao longo dos últimos dois meses existem pelo menos três momentos que se destacam em termos de supertransmissão a nível regional. Existe um que está estimado a cerca de 12 de maio, em Lisboa e Vale do Tejo, em que o Rt subiu a um máximo do ano anterior com exceção da altura de Natal/Ano Novo. Depois existe outro no Algarve, por volta de 10 de Junho, e também agora no norte a 23 de junho”, argumenta.
De acordo com o Instituto Ricardo Jorge a variante Delta já representa cerca de 86% dos novos casos a nível nacional e é mesmo responsável por 100% em Lisboa e Algarve. Este é mais um alerta, afirma Óscar Felgueiras.
“Creio que sim. Aquilo que observamos é que nos dois casos de junho o Rt atingiu valores acima de 1,40 e, portanto, foram momentos em que a transmissibilidade foi superior à registada em maio. E isso terá certamente que ver com uma prevalência maior da variante Delta que potencia uma maior transmissibilidade. Portanto, neste momento atual, apesar de estarmos com uma cobertura vacinal maior, perante comportamentos que levam a fenómenos de supertransmissão, o potencial de subida de casos é maior”, explica.
Questionado sobre as projeções que apontam para a possibilidade de seis mil casos diários em meados de agosto, o professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto considera que o pico da quarta vaga pode ser atingido nas próximas semanas.
“Essa estimativa é feita com base em certos pressupostos que o modelo seguido considera. Agora, de momento o que se assiste é que apesar de tudo é notório um abrandamento no ritmo de crescimento. E, portanto, se a tendência atual se mantiver podemos ter uma aproximação a um pico de casos nas próximas semanas. O que a há a esperar de momento é que, tendo em conta o evoluir do comportamento da população nos próximos tempos, poderemos assistir de facto a um abrandamento que leve a uma estabilização e a um pico nas próximas semanas”, conclui Óscar Felgueiras.
Portugal regista esta terça-feira mais nove mortes por Covid-19 e 2.650 novos casos da doença, avança o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
O número de pessoas internadas continua a subir. Há agora 742 pacientes com Covid nos hospitais, mais 13 em relação ao balanço de segunda-feira.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.028.446 mortos em todo o mundo, resultantes de mais de 186,3 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente feito pela agência France-Presse.
[notícia atualizada às 19h00]