18 jul, 2021 - 13:47 • Lusa
O incêndio nos concelhos de Monchique e Portimão foi dominado às 7:15, mas temem-se os reacendimentos devido à intensificação do vento, afirmou o comandante das operações, Richard Marques.
Em conferência de imprensa no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, o comandante operacional Distrital de Faro da Proteção Civil, Richard Marques, disse que a preocupação centra-se nas duas frentes em fase de rescaldo já que o cenário meteorológico vai ser semelhante ao de sábado, mas com uma intensificação do vento desde as dez da manhã, altura em que se fechou a janela de oportunidade que contribui para diminuir a intensidade das chamas.
A previsão de vento, com 35 quilómetros/hora (Km/h) e rajadas de 50 Km/h, "obriga a manter um dispositivo no terreno com uma área de quase dois mil hectares e um perímetro de 23 quilómetros" e onde estão a acontecer reacendimentos que estão a ser imediatamente combatidos para evitar que ganhem maior dimensão, realçou.
O responsável adiantou que os moradores já regressaram às suas habitações.
Ao todo foram deslocadas 68 pessoas das suas casas, tendo 21 pernoitado no Centro de Concentração e Apoio à População no Portimão Arena, entretanto desativado.
Richard Marques informou que a partir de segunda-feira o Ministério da Agricultura irá disponibilizar, nas instalações físicas na região e na sua página na internet, os formulários necessários para que os agricultores possam reportar eventuais prejuízos.
Presente na conferência de impressa, o presidente da Câmara de Monchique destacou a importância das próximas horas no rescaldo e pediu que fosse feito de forma "rigorosa, para que não haja surpresas", revelando o desejo que a situação esteja "resolvida no dia de hoje".
Rui André revelou já ter feito o levantamento dos danos no seu concelho e que dos cerca de dois mil hectares ardidos, 650 são em Monchique: 211 de eucalipto, 242 de mato, 20 de pastagens, 131 de sobreiro, 21 de pinheiro manso e 25 de agricultura.
Questionado sobre se a origem do incêndio terá sido numa zona conhecida por acampamentos e festas ilegais, nomeadamente em ligações clandestinas à rede elétrica, o autarca confirmou que as autoridades têm conhecimento dos ajuntamentos e que estes têm sido alvo de ações de fiscalização, mas que "até ao momento não foi possível resolver completamente a situação".
O representante da GNR presente na conferência confirmou que a "primeira informação das diligências" efetuadas é de que o incêndio "terá iniciado numa área anexa a uma associação situada na zona do Tojeiro", concelho de Monchique.
O capitão Pedro Fernandes afirmou "desconhecer-se ainda" a forma como se deu a ignição, estando a investigação e apuramento das causas do incêndio a cargo da Polícia Judiciária.
Quanto à fiscalização, revelou ter havido "várias ações ao local" que resultaram em diversos relatórios e autos de contra ordenação mas a forma jurídica de associação "tem limitado a atuação".
A presidente da câmara de Portimão revelou que o município e a junta de freguesia da Mexilhoeira Grande "irão falar com as pessoas que tiveram perdas" para as apoiar no que for necessário "no imediato", assim como auxiliar no preenchimento dos formulários para obterem outros apoios.
Isilda Gomes informou que os idosos "já regressam ao lar" e, questionada sobre facto de se tratar de uma estrutura ilegal, indicou "não caber à câmara" essa questão mas "a quem tem a competência de averiguar e fiscalizar essas situações".
Às 13:00 estavam no terreno 449 operacionais apoiados por 154 veículos e sete meios aéreos e oito máquinas de rasto.