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Otelo

Catarina Martins condena ausência de luto por "um libertador" do país

27 jul, 2021 - 19:26 • Lusa

Otelo Saraiva de Carvalho desempenhou um papel fundamental no 25 de Abril, mas posteriormente liderou um grupo terrorista que fez vários mortos.

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A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, lamentou esta terça-feira que o Governo não tenha decretado luto nacional pela morte do militar de Abril Otelo Saraiva de Carvalho, "um libertador" do país.

"Otelo Saraiva de Carvalho foi um dos obreiros do 25 de Abril, foi o estratega da operação militar que permitiu o 25 de Abril, que pôs fim ao Estado Novo, pôs fim à guerra, pôs fim ao colonialismo e abriu a porta da esperança da democracia, da liberdade em Portugal. Hoje Portugal está de luto, lamentavelmente o Governo e o Presidente da República não o entenderam, mas Portugal está de luto porque como muito bem disse [o ex-Presidente da República] Ramalho Eanes a pátria deve-lhe a liberdade, a democracia e isso ninguém pode recusar ou negar", afirmou Catarina Martins.

A líder do Bloco falava aos jornalistas pouco antes de entrar na capela da Academia Militar, em Lisboa, onde esta tarde decorre o velório de Otelo Saraiva de Carvalho, que morreu no domingo.

"O facto é que o país está de luto porque perdeu um libertador, um dos homens que nos trouxe a liberdade e a democracia e digam o que disserem o Governo, o Presidente da República, isso ninguém pode negar e por isso Portugal está de luto porque esta é seguramente uma pátria que reconhece o valor daqueles que permitem a liberdade e a democracia", acrescentou, sem ter respondido a mais perguntas dos jornalistas.

Catarina Martins, acompanhada pelo fundador do Bloco de Esquerda, Luís Fazenda, uma das centenas de pessoas que esta tarde já passaram pelo velório de Otelo Saraiva de Carvalho.

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, estiveram já na capela da Academia Militar.

Esteve igualmente no velório o deputado do PS Sérgio Sousa Pinto.

Nascido em 31 de agosto de 1936 em Lourenço Marques, atual Maputo, Moçambique, Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho teve uma carreira militar desde os anos 1960, fez uma comissão durante a guerra colonial na Guiné-Bissau, onde se cruzou com o general António de Spínola, até ao pós-25 de Abril de 1974.

No Movimento das Forças Armadas (MFA), que derrubou a ditadura de Salazar e Caetano, foi ele o encarregado de elaborar o plano de operações militares e, daí, ser conhecido como estratego do 25 de Abril.

Depois do 25 de Abril, foi comandante do COPCON, o Comando Operacional do Continente, durante o Processo Revolucionário em Curso (PREC), surgindo associado à chamada esquerda militar, mais radical, e foi candidato presidencial em 1976.

Na década de 1980, o seu nome surge associado às Forças Populares 25 de Abril (FP-25 de Abril), organização armada responsável por dezenas de atentados e 14 mortos, tendo sido condenado, em 1986, a 15 anos de prisão por associação terrorista. Em 1991, recebeu um indulto, tendo sido amnistiado cinco anos depois, uma decisão que levantou muita polémica na altura.

Comentários
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  • Ivo Pestana
    27 jul, 2021 Funchal 20:57
    Ahahahahaha. Então é isso! E as FP 25?
  • EX. MILITAR
    27 jul, 2021 PORTUGAL 20:46
    Senhora Coordenadora do BE, viu a reportagem que a RTP acaba de exibir? Reparou naquele " BEATLE " vestido de camuflado e com uns GALÕES de capitão do Exército Português? Sabe o que isso SIGNIFICA para um Jovem que tivesse ido OBRIGADO para o Serviço Militar? Não, NÃO SABE, porque se soubesse a postura da Senhora era OUTRA. Veja essas imagens e REFLITA. Devo dizer-lhe também, que nesse ano já tinha regressado de Angola, VIVO.
  • EU
    27 jul, 2021 PORTUGAL 19:20
    É o que tenho dito. Contaram UM LADO, falta contar o OUTRO LADO. Uma MENTIRA dita muitas vezes, torna-se uma verdade. Quando este Militar quis por fim a uma DITADURA, todos os JOVENS MILITARES, dissemos SIM. Depois da REVOLUÇÃO dos Cravos, SEM SANGUE, como pode haver alguém que considere este indivíduo um HERÓI NACIONAL depois de ter comandado TERRORISTAS? Tivessem procurado falar com ELES e aí saberiam OUTRA PARTE da vida deste indivíduo. Não digam ASNEIRAS. Já disse, um HERÓI não mata nem admite que OUTRO MATE.

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