05 ago, 2021 - 09:50 • Olímpia Mairos com Lusa
Os movimentos e associações que se opõem às explorações mineiras de volfrâmio e lítio projetadas para Montalegre e Boticas, estão a preparar diversas iniciativas de protesto a concretizar neste mês de agosto.
A primeira iniciativa está marcada para sábado, é promovida Associação Ambiental Unidos pela Natureza, e consta de uma visita à região envolvente da Mina do Barroso, no concelho de Boticas, para “dar a conhecer o crime ambiental que, desde 2008, decorre sem qualquer resistência”.
A mesma associação está a preparar também uma “acampada”, uma espécie de acampamento, entre os dias 14 e 18 de agosto, contra a exploração mineira na região que diz que “já tem impactes sociais e ambientais bem visíveis”.
A iniciativa vai contar com a participação de outros movimentos e coletivos, entre os quais a Greve Climática Estudantil e a Caravana Zapatista.
A Mina do Barroso situa-se em área das freguesias de Dornelas e Covas do Barroso e o projeto está a ser promovido pela empresa Savannah Lithium, Lda., que prevê uma exploração de lítio e outros minerais a céu aberto. A área de concessão prevista é de 593 hectares.
De acordo com a Associação Ambiental Unidos pela Natureza, a mina da Savannah “é o projeto de extração de minerais de lítio mais avançado em território português. É a primeira de várias minas que o Governo português pretende desenvolver, algumas aqui na região do Barroso, mas também noutras partes do país”.
No âmbito da consulta pública do EIA da Mina do Barroso, que terminou em julho, foram efetuadas 170 participações e a decisão final deverá ser anunciada pela Agência Portuguesa do Ambiente nos próximos três meses.
Já para domingo, está agendada uma marcha de protesto com tratores, carros e motos na freguesia de Salto, no concelho de Montalegre.
Segundo o Movimento Não às Minas – Montalegre, o objetivo é “mostrar a oposição das populações” à intenção da empresa Minerália em explorar volfrâmio na Borralha, mas também “demonstrar oposição a todos os outros projetos mineiros na região, independentemente da fase em que se encontrem (pedidos de prospeção, pedidos de exploração ou já em laboração)”.
A Minerália requereu a celebração do contrato de concessão de exploração de volfrâmio, estanho e molibdénio em área do antigo couto mineiro.
A marcha vai começar na zona do Carvalhal do Esporão e o protesto envolve também o Centro de Gestão da Empresa Agrícola do Barroso, a Associação Agroflorestal das Terras de Barroso, Associação Nacional de Criadores de Gado da Raça Barrosã, conselhos diretivos dos baldios de Paredes, Caniço e Linharelhos e o grupo Borralha Sim Minas Não.
Segundo os promotores da iniciativa, toda aquela região está seriamente ameaçada.
“Os seus recursos naturais estão ameaçados, assim como o modo de vida e os modelos de subsistência das populações. Poderá estar em causa a extinção de atividades ancestrais sustentáveis, assim como de produtos endógenos de elevada qualidade. Esta calamidade anunciada é extensiva à região envolvente e até a outras zonas do país”, pode ler-se no comunicado.
Segundo o Movimento, a freguesia de Salto está também abrangida pelo pedido “Viso”, solicitado pela Fortescue Metals Group Ltd., que abrange os concelhos de Montalegre, Vieira do Minho, Cabeceiras de Basto e Fafe, e pelo futuro concurso internacional para o lítio, na área Barroso-Alvão.
No comunicado, enviado à Renascença, o Movimento Não às Minas – Montalegre dá conta que para Cerdedo, no concelho de Boticas, “já foi assinado o contrato para a zona denominada 'Capelo'. Em Couto de Dornelas encontra-se já a operar a Mina de Lousas. Covas de Barroso é o epicentro da Mina do Barroso. Além disso, toda esta região se encontra repleta de pedidos de prospeção adicionais”.
Em Morgade, local para onde está marcada uma caminhada no próximo domingo, promovida pela associação Montalegre com Vida, para sensibilizar as pessoas para “o perigo ambiental, social e económico decorrente da exploração mineira”, já foi assinado o contrato de exploração da mina do Romano com a empresa Lusorecursos, que deverá entregar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) até 13 de agosto.