09 ago, 2021 - 11:51 • Lusa
A Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) defende que professores e funcionários devem realizar testes serológicos e receber nova dose da vacina contra a Covid-19 para evitar o regresso ao ensino à distância, que traria "efeitos catastróficos" para os alunos.
O estudo do Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra que concluiu que três meses após a toma da vacina os anticorpos começam a baixar deixando as pessoas menos protegidas contra a Covid-19, está a preocupar a comunidade escolar que pede medidas urgentes ao Governo.
A pouco mais de um mês do arranque de um novo ano letivo, os diretores sublinham que não são cientistas, mas sabem que é preciso “fazer tudo para que as escolas não voltem a fechar”.
“Os alunos não podem voltar para casa. Fechar as escolas traz efeitos catastróficos que se vão repercutir a longo prazo. Já percebemos que o ensino a distância foi prejudicial para os alunos, em especial os mais novos, que são menos autónomos, e aqueles que já são mais carenciados”, sublinhou o vice-presidente ANDAEP, em declarações à agência Lusa.
David Sousa apontou as medidas que devem avançar já: a testagem e vacinação da comunidade educativa, incluindo todos os alunos a partir dos 12 anos.
O vice-presidente da ANDAEP defende que o pessoal que trabalha nas escolas — que foi um dos grupos prioritários na vacinação — deve ser alvo de testes serológicos que permitam perceber os níveis de imunidade e receber a terceira dose da vacina.
Já o presidente da Associação Nacional de Diretores Escolares (ANDE), Manuel Pereira, é mais cauteloso: “Não sou técnico de saúde, nem cientista, sei apenas que é preciso garantir que existem condições para que possa haver um ano letivo normal”.
Quando for altura para serem vacinados os jovens d(...)
“As decisões são tomadas pelo Governo com base em pressupostos científicos. Para nós, o importante é que alunos e professores possam estar nas escolas e se a comunidade científica disser que são precisas três ou quatro vacinas, então estaremos de acordo”, disse em declarações à Lusa.
Sem querer entrar na discussão sobre a toma de novas doses de vacinas, Manuel Pereira defendeu testes serológicos entre a comunidade educativa, apontando-os como uma vantagem para as escolas mas também para a comunidade cientifica: “Penso que é de todo o interesse, não só a nível nacional mas também internacional, perceber-se o nível de imunidade de quem foi vacinado há mais tempo”.
Entre professores e funcionários, foram vacinadas cerca de 280 mil pessoas num processo gradual que arrancou no final de março.
David Sousa sublinha não ter conhecimentos científicos sobre a matéria, mas com base no que já leu parece-lhe fundamental avançar o mais rapidamente com a vacinação da terceira dose, realizar testes serológicos assim como testes de despistagem de covid-19 regulares, à semelhança do que aconteceu no passado ano letivo.
“Defendemos também a vacinação dos miúdos a partir dos 12 anos”, acrescentou o vice-presidente da ANDAEP.
As conclusões do estudo dos cientistas da Universidade de Coimbra levaram, também, o Presidente da República a lembrar no domingo que a decisão sobre a administração de uma terceira dose cabe ao Governo, recordando que os docentes também estiveram entre os primeiros a ser vacinados.