11 ago, 2021 - 06:30 • João Malheiro
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A bastonária da Ordem dos Enfermeiros critica o parecer favorável da Direção-Geral de Saúde (DGS) à vacinação de crianças entre os 12 e os 15 anos.
Em entrevista à Renascença, Ana Rita Cavaco diz manter a posição anterior, de 30 de julho, segundo a qual "não existem estudos suficientes, com evidência técnico-científica suficiente" para justificar a decisão da DGS.
"As decisões da vacinação não se tomam com base em anos letivos. "Para nós não faz sentido esta decisão, é uma decisão com base na pressão do poder político. O senhor primeiro-ministro é quem manda no país, é ele que decide, é ele que assume o risco", acrescenta.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros entende que os argumentos apresentados no parecer da DGS, "já eram conhecidos" e questiona por que razão o presidente da Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica não foi convocado para esta decisão.
"Nem sabemos que parecer é que foi feito, sendo que o nosso representante não foi consultado", afirmou.
Covid-19
O ministro da Educação disse ainda esperar que sej(...)
Diferente é a leitura dos médicos de Saúde Pública. Gustavo Tato-Borges fala de uma decisão que "é perfeitamente natural e lógica".
"A Agência Europeia do Medicamento já aprovou vacinas para esta faixa etária e os dados científicos têm demonstrado a mais-valia da vacinação para os jovens", diz à Renascença o vice-presidente da Associação dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP).
Para Tato-Borges, a nova norma da DGS "é mais simples que a anterior" e que vai "acalmar a burocracia e a dificuldade do acesso à vacina".
Questionado sobre o efeito da pressão política no parecer da autoridade sanitária, o vice-presidente da ANMSP considera que "a decisão não foi motivada por pressões externas, mas sim uma decisão técnica".
No entanto, Gustavo Tato Borges admite que "houve ruído à volta desta questão" e que foi o "alarido que trouxe estas dúvidas".
Num recado ao Presidente da República, que insistiu na importância de estender a vacinação às crianças entre os 12 e os 15 anos, quando a DGS ainda não tinha uma decisão sobre a matéria, o médico alerta que "é preciso deixar as instituições trabalhar".
"Teria sido desejável que houvesse menos ruído à volta desta questão e que menos pessoas com relevo na sociedade se tivessem pronunciado. O senhor Presidente da República é uma pessoa com muita cultura, com muita capacidade, mas precisava de ser um pouco mais contido em alguns comentários que faz sobre questões técnicas nas quais o senhor Presidente da República não tem conhecimento para opinar", conclui Tato-Borges.
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