13 ago, 2021 - 15:29 • Ana Carrilho
Os responsáveis do setor social compreendem e aceitam que o Governo não torne obrigatória a vacinação dos trabalhadores da saúde e dos lares.
Em entrevista ao Expresso, o primeiro-ministro, António Costa, rejeitou a hipótese de tornar a vacinação obrigatória nestas áreas porque considera que a recusa de vacinação é muito baixa.
Contactados pela Renascença, os presidentes da Confederação Nacional das Instituições Sociais (CNIS) e da União das Misericórdias não se manifestaram surpreendidos e até concordam com a decisão do Governo.
Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias, diz que estão em causa, por um lado, os direitos liberdades e garantias de cada um aceitar ou recusar a vacina e, por outro, a saúde pública. Com o nível de vacinação já atingido, Manuel Lemos concorda com António Costa.
"A partir do momento em que o Governo considera que do lado da saúde pública - e eu também considero - as questões estão protegidas, penso que, como democrata e até respeitando a Constituição da República, faz sentido proteger os direitos, liberdades e garantias. Claro que, se a situação mudasse, a minha posição seria diferente, mas reconheço que os surtos nos lares, com a vacinação em massa, estão a ser cada vez menos agressivos", sublinha o presidente da União das Misericórdias.
De acordo com dados da task force da vacinação, ci(...)
O padre Lino Maia, presidente da CNIS, também diz compreender que seria complicado tornar a vacina obrigatória do ponto de vista legal.
Ainda assim, considera que, moralmente, quem trabalha com as pessoas mais frágeis devia sentir-se obrigado a uma proteção acrescida, com a vacina.
"Continuo a pensar que, como ato de cidadania e moralmente, aqueles que trabalham com os mais frágeis devem estar vacinados", sublinha.
Para já, Manuel de Lemos, presidente das Misericórdias, considera que a situação neste momento está controlada. Desdramatiza os surtos que ocorreram recentemente em lares, mas sublinha que é preciso estar atento.
O presidente da CNIS chegou a defender o uso de testes antigénio, uma solução que nem todos os especialistas dão como eficaz dada a pouca fiabilidade dos testes.
Dando-lhes sempre a última palavra, Lino Maia considera que, muito provavelmente, será necessária uma terceira dose da vacina contra a Covid-19 e até vacinações periódicas.
"Remeto para os peritos, mas terá que se por a hipótese de uma terceira dose da vacina e temos que nos habitar à ideia de uma vacinação periódica. Penso que ninguém escapa", vaticina o presidente da CNIS.