14 ago, 2021 - 17:24 • Joana Gonçalves
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Graça Freitas estimou, negou e agora confirma-se. Portugal atingiu este sábado o marco de um milhão de casos confirmados de Covid-19 no país.
Quase um ano e meio após a confirmação do primeiro infectado com SARS-CoV-2 em território nacional, Ricardo Mexia faz o balanço de um período "muito duro, difícil, de grande trabalho para todos e que pouco reconhecimento" mereceu aos profissionais de saúde, que desde março de 2020 enfrentam também esta batalha.
"Devo confessar que na altura, quando vi essa manchete [com a estimativa de Graça Freitas que apontava para um milhão de casos] me surpreende, e pareceu-me uma estimativa muito elevada. Depois, em função do que fomos vendo, de facto constatamos que não é, até porque o verificamos agora, que isso acabou por acontecer", confessa o especialista, em entrevista à Renascença.
O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública defende que, até hoje, o apelo de reforço de meios não recebeu uma resposta à altura.
O médio de saúde pública aponta ainda os erros de comunicação como a principal falha no combate à pandemia. "Continuamos sem ter uma estratégia clara e assertiva, que chegue às pessoas, lhes dê uma informação simples que consigam assimilar e que lhes permita fazer escolhas mais informadas", acrescenta.
Covid-19
O país passou por sucessivos estados de emergência(...)
Já quanto ao receio de um crescente cetismo do portugueses em relação à evidência científica, especialmente no que às vacinas diz respeito, o perito afasta o cenário e adianta que "Portugal está, de alguma forma, 'vacinado' em relação a esse aspecto, porque tem uma enorme confiança vacinal – somos o país europeu com maior confiança nas vacinas".
"De qualquer forma, é compreensível que, atendendo a uma enorme fadiga pandémica, as pessoas comecem a ficar saturadas. Ouvir aquilo que desejam, que é deixarmos de ter restrições, voltarmos à nossa vida pré-pandemia é algo que é muito apelativo, mas é importante que as pessoas se informem junto de fontes fidedignas, com informação correta e atualizada, para que percebam o que se está a passar e possam fazer as suas escolhas", defende Ricardo Mexia.
Ainda assim, o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública diz acreditar que o país está pronto para uma mudança no paradigma do combate da Covid-19, mais centrado "nos casos de doença" e menos nas infeções assintomáticas.
"Julgo que em breve vamos mudar o paradigma da questão de infeção para a doença. Ou seja, estamos ainda a identificar casos de infetados, mas atendendo è evolução da situação, fruto das condições que a vacinação nos pode dar, em breve, julgo que podemos adotar uma abordagem mais focada nos casos de doença e menos naqueles que estando infectadas não têm ainda sintomas", revela.