19 ago, 2021 - 08:35 • Marta Grosso , João Cunha (entrevista)
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Vacinar ou não vacinar? A diretora-geral da Saúde diz que “temos de ver o espelho ao contrário” e pesar “o risco da não vacinação”.
“A decisão de não vacinar não é uma decisão neutra, é a decisão de deixar desprotegida uma pessoa e estar essa pessoa suscetível a uma infeção”, afirma.
“Neste caso, sendo um vírus pandémico, que aparece pela primeira vez nas nossas vidas, não temos qualquer tipo de defesa se não contrairmos a doença ou tivermos a vacina”, pelo que “estamos completamente desprotegidos. Não é como as outras doenças que a humanidade conhece há séculos e foi adquirindo imunidade ao longo dos anos”, sublinha Graça Freitas na Renascença.
Nestas declarações, no dia em que começou autoagendamento exclusivo para os jovens dos 12 aos 17 anos, a diretora-geral da Saúde reforça que as vacinas são seguras.
“A vacina é segura e tem qualidade, está licenciada e tem todos os requisitos. Todos os estudos demonstram que as reações adversas são raras e com evolução benigna”, pelo que “há muitas vantagens em vacinar e a vantagem principal é evitar uma doença”.
Aos pais que ainda estão em dúvida sobre a vacinação dos filhos, Graça Freitas sublinha que, a partir do momento em que a Direção-Geral da Saúde (DGS) “fez a recomendação universal, isso constitui uma espécie de receita universal”.
“Quer dizer que consideramos que a vacina tem todas as condições para a ser administrada com segurança, confiança e eficácia”, destaca.
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“Mas é legítimo que as pessoas possam ter dúvidas” e, nesse caso, a diretora-geral diz que elas devem ser esclarecidas “com o médico assistente, com a enfermeira de família, com qualquer profissional de saúde, consultando os múltiplos documentos disponíveis nos sites”.
Além disso, “no próprio dia da vacinação é importante realçar que as pessoas têm o direto de ser informadas sobre a vacina que lhes vai ser administrada, as características dessa vacina, as possíveis reações adversas e obviamente os benefícios da vacinação”, acrescenta.
“Há uma cadeia de informação a que os pais podem recorrer para aumentar a confiança na sua decisão de vacinar os filhos”, conclui.
Graça Freitas diz que os movimentos anti-vacinas são “fenómenos naturais”, mas que “não se baseiam na ciência, nem conhecimento nem na racionalidade; baseiam-se em outras questões”.
“Aos profissionais de saúde compete estar preparados para este tipo de reações. Temos é de assegurar que as decisões que tomamos são tomadas com base em conhecimento e ciência”, acrescenta.
A diretora-geral da Saúde recorda depois “todo o passado das vacinas: quem sabe hoje o que é a difteria? O tétano? A tosse convulsa? A poliomielite? Foram doenças da minha infância e neste momento não existem, porque a ciência e o conhecimento e a máquina dos serviços de saúde permitiu a vacinação em massa das pessoas”.
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Aberta uma segunda fase de autoagendamento para a vacinação dos adolescentes entre os 12 e os 17 anos, e sabendo que a segunda dose é sempre dada no mesmo local da primeira, há pessoas que ainda não marcaram data.
“Creio que, tendo em atenção o mês em que estamos, que é de férias e as pessoas estão deslocadas”, é normal que alguns jovens ainda não se tenham vacinado, diz Graça Freitas, considerando que o número irá “progressivamente aumentando”.
“O autoagendamento está aberto e depois continuaremos com outras modalidades de vacinação, incluindo a ‘Casa Aberta’. É um fenómeno progressivo de vacinação”, acrescenta, aproveitando para “apelar aos pais e aos adolescentes que se vacinem logo que tenham oportunidade”.
No entender da diretora-geral de Saúde, quanto mais jovens se vacinarem melhor, para que o ano letivo corra com a maior normalidade possível.
“Em termos de vacinação, a tendência para o 100% é o ideal, porque as vacinas previnem, evitam doenças e, desde que sejam seguras, tiram-nos carga de doença, de sofrimento, tiram-nos possível internamento e em último caso até a probabilidade de morrer”, afirma, alargando a resposta a toda a população.
“Creio que vai ser em breve, mas não sei garantir quando”, responde Graça Freitas à Renascença.
A diretora-geral da Saúde recorda que a decisão é da Assembleia da República e que irá sair legislação sobre o assunto, mas há condicionantes que devem ser levadas em consideração.
“O que se está a passar com a vacinação em todo o mundo é vacinar o maior número de pessoas para gradualmente reduzir medidas restritivas de outra ordem. Mas há um fenómeno de que não nos podemos esquecer, que é o aparecimento de novas variantes e esse aparecimento – neste caso, a Delta, que é a dominante em Portugal – veio interferir com a efetividade das vacinas”, sublinha.
Por isso, apesar de a legislação em vigor terminar no dia 12 de setembro e de estar previsto o fim do uso de máscara na rua a partir dos 70% de população vacinada, Graça Freitas não garante que tal venha a acontecer na data prevista.
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