24 ago, 2021 - 10:21 • Marta Grosso
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É uma descoberta ímpar no mundo e foi feita em Lisboa, no Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade NOVA. Três cientistas portuguesas conseguiram perceber como enfraquecer o SARS CoV-2.
A notícia é avançada nesta terça-feira pelo “Diário de Notícias”, que esteve à conversa com as investigadoras. Tudo começou em março de 2020.
“Assim que a pandemia surgiu, acho que todos nós, cientistas, só pensávamos no que poderíamos fazer para contribuir e ajudar a combatê-la”, começa por contar Margarida Saramago, de 36 anos. Foi ela que teve a ideia que deu origem ao projeto.
“Eu estava a trabalhar de casa e queria avançar com um trabalho laboratorial. Nós trabalhamos com proteínas que são as ribonucleases (proteínas que partem e alteram a molécula de ARN) e o meu primeiro pensamento foi ir ver se o vírus tinha estas proteínas, quantas eram e o que se sabia sobre elas”.
Descobriu que este o vírus “tem duas ribonucleases, sem as quais não consegue sobreviver nem multiplicar-se”. E assim começou uma investigação que envolveu toda uma equipa e que terminou com a descoberta de três fármacos, já usados para outras doenças, capazes de retirar força à atividade do vírus de uma maneira muito eficaz e profunda.
“De forma muito simples, pode dizer-se que em vez de as pessoas desenvolverem doença grave e terem de ir parar ao hospital, poderão ficar em casa com uma constipação a assoar-se”, afirma Cecília Arraiano, coordenadora da investigação e diretora do Laboratório de Controlo da Expressão Génica, do ITQB NOVA.
“A infeção será bem mais controlada”, sublinha.
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Agora, é tempo de obter a patente, “é trabalho para a indústria farmacêutica. São os ensaios clínicos em humanos, já não depende de nós", dizem as investigadoras, que aguardam o fim do processo de registo de patente.
“Mas já temos uma garantia. É que, dos três fármacos descobertos, dois estão aprovados pelas autoridades do medicamento internacionais, nomeadamente pelo regulador dos EUA, a FDA [Food and Drugs Administration], e já são usados para outras doenças, o outro está em vias disso. Portanto, não fazem mal às pessoas”.
Se a indústria farmacêutica “trabalhar à velocidade com que colocou cá fora uma vacina, se calhar, em menos de um ano poderemos ter estes fármacos a tratar a Covid-19", admite a diretora de laboratório, Cecília Arraiano.
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Desde março de 2020, morreram no país 17.645 pessoas com Covid-19 e foram registadas 1.020.546 infeções com o novo coronavirus, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.