30 ago, 2021 - 18:04 • Henrique Cunha
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"Portugal tem de ter cautela relativamente aos passos que dá no regresso à normalidade", diz Gustavo Tato Borges. O dirigente da Associação de Médicos de Saúde Pública sugere por isso cautela no processo de desconfinamento.
Numa altura em que se discute a antecipação da terceira fase do desconfinamento, com o Governo a ponderar a data de 26 de setembro, o especialista lembra que Portugal mantém uma taxa de incidência da doença elevada, para sugerir cautela nos procedimentos a adotar.
“Se Portugal tem uma taxa de incidência superior àquela que estava definida pela OMS como de baixo limiar, os 120 casos por 100.000 habitantes, e vai começar desde já a alargar as suas medidas porque temos 85% de pessoas vacinadas, o vírus vai continuar a circular, a uma velocidade menor, é certo, mas vai continuar a circular e sempre acima dos valores que podemos considerar de segurança.”
“Portanto será prudente que Portugal aguarde pelos 85% de pessoas vacinadas, que deve ocorrer até final de setembro, e ao mesmo tempo manter as suas medidas mais importantes de prevenção, como o uso de máscara, distanciamento físico e limitação de lotação nalguns locais, para garantir que vamos conseguir combater a taxa de incidência, baixar para níveis normais da pandemia, e depois podemos, sim, relaxar e descansar com uma menor circulação de vírus dentro da população. Abrir com níveis altos de incidência vai sempre levar a que o vírus continue a circular”, diz.
Gustavo Tato Borges afirma que "não vale a pena antecipar medidas" que depois podem ter de ser revertidas porque "abrimos cedo demais", sem dar espaço para que "a pandemia pudesse acalmar".
“Portugal tem de ter bastante cautela naquilo que são os passos que dá no regresso à normalidade. Portugal não é uma ilha no mundo, ou não é só um planeta sozinho. Temos muitas ligações comerciais com diversos países, não só na Europa, como em África e na América Latina e poderemos a qualquer momento estar a importar vírus e estirpes novas que podem aparecer de outros locais. Portanto teremos de ter sempre alguma cautela neste processo de desconfinamento”, afirma.
“Não vale a pena antecipar por uma ou duas semanas medidas que depois nos podem obrigar a voltar atrás no tempo porque abrimos cedo de mais e não demos tempo à pandemia para acalmar no nosso país.”
Para este responsável da Associação dos Médicos de Saúde Pública a OMS faz uma análise "prudente e cautelosa" quando alerta para a possibilidade de mais de 200 mil pessoas poderem morrer por Covid na Europa até dezembro.
A Organização Mundial de Saúde está preocupada com baixas taxas de vacinação em alguns países europeus e adianta, por outro lado, que o aumento da incidência de novos casos está também relacionada com uma maior presença da variante Delta e com o alivio de restrições de movimento dos cidadãos e o aumento das viagens.