03 set, 2021 - 01:14 • Ana Carrilho
A ideia foi da Fundação Gulbenkian, há muito interessada no empreendedorismo e inovação de impacto, e lançou o desafio à Nova SBE.
O mestrado “Empreendedorismo de Impacto e Inovação” foi lançado hoje no Campus de carcavelos. Luís Jerónimo, diretor do Programa Gulbenkian Desenvolvimento Sustentável disse à Renascença que a Fundação acredita que também há oportunidades económicas na resolução dos problemas sociais e ambientais sem precedentes que o mundo enfrenta.
“Para tal é preciso encontrar novos modelos e soluções que sejam sustentáveis em termos de negócio, que possam ter impacto social e ter retorno económico”.
Luis Jerónimo considera que essa nova atitude exige novos talentos e lideranças. “Foi o que nos motivou a lançar este mestrado com a Nova SBE porque sentimos que as novas gerações têm um sentido de compromisso e de propósito maior que as nossas. Não querem ser espetadores, querem ser atores na solução e querem fazer da resolução dos problemas sociais e ambientais, um modo de vida”.
O mestrado vai decorrer essencialmente em modo presencial nos próximos dois anos. Inicialmente estava previsto para trinta alunos, mas a enorme procura “alargou” a turma até 89, ou seja, o triplo. “E rejeitámos outros tantos, revelou o diretor académico, Pedro Oliveira.
A maior parte dos alunos são estrangeiros, especialmente alemães, que representam mais de 40% do total, mais do dobro dos portugueses.
Pedro Oliveira justifica a forte presença de jovens germânicos com a escassez de boas escolas de negócios alemãs, o que os leva a procurar alternativas na Europa. “A Alemanha tem muito boas universidades, mas nesta área só há duas, o que é pouco para a procura. Quando fazem as candidaturas, os jovens olham cada vez mais para os rankings e Portugal tem duas escolas muito bem colocadas: a Católica Business School e Nova SBE”.
Entre os 89 alunos há 18 nacionalidades. Os nórdicos também uma presença forte, nomeadamente da Dinamarca e Noruega, mas também da Suíça, Holanda, Brasil, México, Chile, Bolívia ou Zimbabué. O segundo país estrangeiro com maior número de alunos é a Itália.
Luís Jerónimo frisa que as novas gerações “são mais nómadas e vão à procura do que querem em determinado momento da sua vida”.
O responsável pelo programa de Desenvolvimento Sustentável da Fundação Gulbenkian considera que esta procura mostra que “não atraímos alunos estrangeiros apenas pelo bom clima e por sermos um povo acolhedor: é porque nalgumas áreas em particular, somos pioneiros e lideramos. E nesta, da Inovação de Impacto, Portugal está na linha da frente”.
Cada candidato teve que produzir um vídeo em que explicava o seu projeto e assim, tentar convencer o júri de quatro professores, liderados por Pedro Oliveira, de que tinha condições para ser admitido.
51% dos alunos são homens e 49%, mulheres. Entre elas está Madalena Clara, incluída nos 18% de portugueses.
Tem 28 anos, fez a licenciatura em Gestão na Nova e o mestrado em marketing, na Universidade Católica. Trabalhou mais de três anos com start-ups, ajudando a desenvolver os seus projetos. Depois passou por duas grandes empresas e especializou-se na Inovação Corporativa. Até que achou que era altura de avançar com o seu próprio projeto.
“Senti que só lançar novos produtos já não era suficiente; gostava de ter um propósito maior no planeta”, revela em declarações à Renascença. Procurou mestrados que lhe interessassem, em Portugal e vários países. “Mas com a pandemia quis ficar cá e optei por este”. Entretanto, conseguiu também uma Bolsa da Gulbenkian, o que lhe permitiu despedir-se do emprego para se focar a 100% no curso, sem constrangimentos financeiros.
Nos próximos dois anos do curso - que é muito prático, como frisou o diretor académico – Madalena Clara espera concretizar o sonho de criar ou juntar -se a um projeto em fase inicial na área alimentar. “Não me faz sentido todo o desperdício, o impacto que estamos a ter tanto no ambiente como nas comunidades locais. Tentar reduzir o desperdício alimentar, dar a quem não tem acesso. É aí que quero focar-me”.