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Pandemia

Covid-19. Médicos de família aguardam informação sobre fim dos centros de vacinação

08 set, 2021 - 19:41 • Lusa

Nuno Jacinto, presidente da Associação de Medicina Geral e Familiar, que os centros de saúde continuam a ter a necessidade de realizar toda a sua atividade normal, que faziam antes da pandemia e que já ocupava todos os seus recursos.

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A Associação de Medicina Geral e Familiar saudou esta quarta-feira o regresso dos profissionais às suas unidades com a desativação dos centros de vacinação, mas apelou para que estes sejam informados das novas tarefas para que “tudo corra sem sobressaltos”.

Portugal está prestes a atingir a meta de 85% da população com vacinação contra a Covid-19 completa, o que, segundo o coordenador da ‘task-force’, vice-almirante Gouveia e Melo, deverá acontecer até ao final do mês, sendo os centros de vacinação desativados de forma gradual.

Para o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Nuno Jacinto, a desativação destas estruturas vai permitir o regresso de muitos enfermeiros e médicos de família às suas unidades.

“Isto é sem dúvida positivo, porque estiveram durante muitos meses alocados aos centros de vacinação”, disse, sublinhando que os centros de saúde continuam a ter a necessidade de realizar toda a sua atividade normal, que faziam antes da pandemia e que já ocupava todos os seus recursos.

O que vai acontecer, observou Nuno Jacinto, é que, “quando estes profissionais regressarem, têm todas essas tarefas para executar, até porque muitas delas foram ficando mais para trás ao longo destes meses”.

Acresce a esta situação, o facto de ainda ser preciso vacinar contra a Covid-19 algumas pessoas, administrar as doses de reforço para os utentes que têm essa indicação e uma eventual terceira dose para os idosos, ainda por decidir.

“É mais uma tarefa que os centros de saúde vão ter de fazer”, observou, observando que não se pode “estar sempre a pensar” que se tira umas tarefas para colocar outras, porque “isso vai manter as equipas sempre numa enorme sobrecarga”.

Ressalvou, contudo, que será “sem dúvida melhor” que os profissionais estejam no centro de saúde, que continuam com “muita, muita coisa para fazer”.

“Ter mais esta vacinação pandémica vai obrigar a novos circuitos, recursos logísticos, que ainda têm de ser esclarecidos, rede de frio. Enfim múltiplas coisas que ainda precisam de ser esclarecidas para que tudo corra sem sobressaltos”, declarou.

O presidente da APMGF disse ainda não saber exatamente quando é que se vai poder vacinar estes utentes, como serão os horários de vacinação e que vacinas estarão disponíveis. “Certamente que isso estará a ser tratado com as ARS [Administrações Regionais de Saúde] com os ACES [Agrupamentos de Centros de Saúde] e quando os centros de vacinação forem desativados essa informação já estará passada às equipas e as equipas terão tempo para se preparar”.

“O que nós pedimos sempre é que não façam as coisas sem nos avisar e não nos digam de um dia para o outro e tenham em consideração as nossas dificuldades, porque se não acaba por ser muito difícil cumprir aquilo que é exigido e responder àquilo que os utentes nos pedem”, sustentou.

Relativamente à vacinação contra gripe, Nuno Jacinto afirmou que é uma tarefa tradicionalmente já feita nos centros de saúde. “É Claro que no ano passado foi feito de uma forma mais intensiva, com maior rapidez e maior necessidade de vacinar a população mais frágil e este ano prevê-se que tal venha a ser igual”.

Disse ainda que, “em princípio”, a vacinação contra a gripe será em outubro e que os centros de saúde precisam de perceber se nesse mês há “vacinação pandémica para fazer”.

“A questão é sempre a mesma. Nós não podemos estar em dois lados ao mesmo tempo e os nossos profissionais não conseguem estar em dois lados ao mesmo tempo”, disse, lembrando que já na altura da vacinação da gripe, antes da pandemia, “era uma altura muito delicada” porque os enfermeiros já estavam alocados a esta tarefa.

Questionado se os centros de saúde já retomaram a atividade assistencial, disse que “continua a ser muito difícil”, apesar de os profissionais dedicarem o seu tempo a fazer consultas presenciais, vigilância de doentes crónicos e de grupos vulneráveis e de risco sempre que a pandemia abranda.

“O facto de neste momento estarmos um pouco melhor do que já estivemos relativamente a tarefas relacionadas com a Covid-19 não significa que não tenhamos ainda essa sobrecarga adicional, porque temos todos os turnos que vamos fazer aos centros de vacinação e as Áreas Dedicadas aos Doentes Respiratórios. São menos tempo que passamos com os nossos utentes e nesta fase isso é crítico e é cada vez mais crítico”, alertou.

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