Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

​Funcionária do SEF arguida no caso dos irmãos suspeitos de terrorismo

08 set, 2021 - 12:51 • Redação, com Liliana Monteiro e Celso Paiva Sol

A mulher encontrou-se com um dos irmãos, num jardim de Lisboa, para entregar documentos relacionados com a Autorização de Residência Provisória.

A+ / A-

Uma funcionária dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) foi constituída arguido no caso dos dois irmãos iraquianos detidos por, alegadamente, integrarem o grupo terrorista Estado Islâmico, avança a edição online do jornal “Expresso”.

Fonte do Procuradoria-Geral da República confirmou à Renascença que o inquérito tem três arguidos constituídos: os dois cidadãos iraquianos detidos na passada semana e uma funcionária do SEF.

A mulher encontrou-se com um dos irmãos, num jardim de Lisboa, para entregar documentos relacionados com a Autorização de Residência Provisória (ARP).

Ammar Ameen assinou os documentos e a funcionária do SEF terá dado andamento ao processo de autorização de residência.

O encontro entre o suspeito de terrorismo e a funcionária do SEF aconteceu a 5 de março deste ano, dias depois de o ARP de Ameen ter expirado.

A conduta da mulher "praticada fora e distante de qualquer instalação do SEF, não se enquadra nos procedimentos regulamentares daquela entidade pública”, refere um documento da investigação, citado pelo “Expresso”.

Nas buscas que resultaram da detenção dos dois irmãos iraquianos, foi encontrado um registo de renovação da ARP com a assinatura da funcionária do SEF.

O encontro no Jardim Constantino foi facilitado pela namorada de Ammar Ameen, com ligação a organizações de ajuda humanitária e de apoio a migrantes, que não é arguida no caso.

Questionado pela Renascença, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras garante "que tem vindo a prestar toda a colaboração solicitada pelas autoridades judiciárias, no que concerne à investigação em curso de crimes de terrorismo internacional por parte de quem terá alegadamente beneficiado de favores de uma assistente técnica do SEF que, na altura, desempenhava funções no Gabinete de Asilo e Refugiados".

"Apesar de o Serviço não ter sido, ainda, notificado das acusações em causa, o Diretor Nacional decidiu solicitar informação às autoridades judiciárias responsáveis pelo inquérito, no sentido de avaliar a situação processual da funcionária, para, de seguida, determinar a eventual abertura do respetivo processo disciplinar", sublinha o comunicado do SEF.

Os dois irmãos foram detidos a 1 de setembro pela Unidade Nacional Contraterrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária (PJ), que colaborou com o Ministério Público (DCIAP) na investigação. Foi o culminar de pelo menos três anos em que os iraquianos estavam a ser seguidos e investigados pelas autoridades nacionais.

No tempo em que estão no nosso país arranjaram trabalho e integraram-se. Há suspeitas, contudo, de que pelo menos um deles pudesse estar envolvido no planeamento de ataques em países europeus. Portugal não seria um alvo.

Os suspeitos ficaram a aguardar o desenrolar do processo em prisão preventiva, mas a defesa vai recorrer da medida de coação.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, estiveram com os dois irmãos, em duas circunstâncias distintas.

Marcelo Rebelo de Sousa já afastou a possibilidade de uma falha de segurança no encontro realizado em 2018.

[notícia atualizada às 17h53]

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Ana Amaral
    05 nov, 2022 Lisboa 13:41
    A PJ que investigue mais um pouco. Olhem que não são só dois ou três funcionários corruptos no SEF.... Há lá dentro um polvo com grandes tentáculos, inclusivamente com ligações de favorecimentos a certos escritórios de advogados em Lisboa, onde facilitam marcações no SEF e documentação falsa para atribuição de autorizações de residência a centenas de cidadãos brasileiros sem condições de se manterem no país! O contacto desses advogados até circula livremente em redes sociais de grupos brasileiros em Portugal para promoverem esse trabalho, angariando facilmente clientes com a garantia de que conseguem os documentos aos brasileiros em tempo recorde. Quando o sistema de marcações no SEF estava parado como todos sabiam, esses advogados conseguiam marcações na hora, apenas com um telefonema para "alguém lá dentro". Eu mesma vi isso em 2021 e sendo cidadã portuguesa, juntei provas e denunciei o caso à Polícia Judiciária, mas até agora não vi resultado algum...talvez ainda estejam a investigar!

Destaques V+