10 set, 2021 - 18:13 • Lusa
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O Conselho Português para os Refugiados (CPR) lembrou o antigo Presidente da República Jorge Sampaio, que morreu hoje, pela sua capacidade de inquietar e levar à ação, bem como pela dedicação aos direitos humanos.
Numa nota publicada nas suas redes sociais, o CPR começa por lembrar a intervenção de Jorge Sampaio em 2014 no XII Congresso Internacional do CPR, onde apontou que fazia “falta um sobressalto cívico global”, referindo-se à sua iniciativa de criação da Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência a Estudantes Sírios.
“Uma iniciativa entre várias que, ao longo da sua vida, souberam inquietar-nos e levar-nos à ação: em Timor-Leste, na Aliança das Civilizações, na luta contra a tuberculose”, refere o CPR.
Salienta também a dedicação de Jorge Sampaio aos direitos humanos e à transformação social para que, e citando o antigo presidente da República, “as disparidades sociais não se agravem ainda mais”, entendendo, por isso, o CPR que “apesar das crises, há margem para criar soluções inovadoras e criativas por parte da sociedade civil”.
Além de deixar condolências à família, o Conselho Português para os Refugiados garante que irá manter viva a ambição de Jorge Sampaio por um mundo melhor e recorda ainda algumas frases escritas pelo estadista como “a solidariedade não é facultativa, mas um dever”, ou “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade".
Jorge Sampaio morreu hoje aos 81 anos, no hospital de Santa Cruz, em Lisboa.
Antes do 25 de Abril de 1974, foi um dos protagonistas da crise académica do princípio dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, tendo, como advogado, defendido presos políticos durante a ditadura.
Jorge Sampaio foi secretário-geral do PS (1989-1992), presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1990-1995) e Presidente da República (1996 e 2006).
Após a passagem pela Presidência da República, foi nomeado em 2006 pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e, entre 2007 e 2013, foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.
Atualmente presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada por si em 2013 com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens sem acesso à educação.