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Jorge Sampaio foi um construtor de pontes, lembra Ana Gomes

10 set, 2021 - 12:51 • Manuela Pires , Olímpia Mairos

A socialista, amiga pessoal do antigo Presidente da República, destaca a marca profundamente humanista em toda a atuação cívica e política.

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Ana Gomes, amiga pessoal de Jorge Sampaio, recorda um socialista convicto, um defensor dos direitos humanos e que sempre pautou a sua atuação política pelo respeito de todos e pela construção de "pontes". O antigo Presidente da República morreu esta sexta-feira, aos 81 anos.

“Ele [Jorge Sampaio] procura sempre ouvir os outros, mesmo os que tivessem pontos de visa diferentes e envolve-os e procura exatamente construir pontes”, afirma a socialista.

Em declarações à Renascença, Ana Gomes diz que foi isso também que aconteceu quando Jorge Sampaio concorreu à Câmara de Lisboa, com o PCP.

“Penso que foi isso que justificou e explicou que, também, para o governo da Câmara de Lisboa ele não tivesse tido dificuldades em estabelecer essas pontes, nessa altura, com o Partido Comunista, como estabeleceu muitas pontes ao longo da vida com todos os quadrantes políticos, sempre norteado por um objetivo de promoção da liberdade, da democracia, de um viver com respeito por todos e pelos direitos humanos de cada um em particular”, lembra a socialista.

Humanista em toda a atuação cívica e política

Ana Gomes diz que Sampaio deixa uma marca profundamente humanista em toda a sua atuação cívica e política.

“Fica um referencial extraordinário de um socialista convicto, de um socialista com "s" grande, que vem da marca humanista que nunca esqueceu, que era absolutamente indispensável na sua intervenção cívica e política, que determina a sua profunda adesão à democracia e à liberdade”, detalha.

A socialista considera que outro ponto chave da presidência de Jorge Sampaio tem a ver com a crise em Timor, realçando que o interesse do então Presidente da República por aquele país “já vinha de trás e tinha a ver com as noções da responsabilidade que Portugal tinha para com o povo timorense, a viver sob ocupação”.

Jorge Sampaio “foi inexcedível” e “garantiu uma excelente articulação com o primeiro-ministro da época, António Guterres, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jaime Gama”.

“Sem essa excelente articulação, entre os três, nunca Portugal teria podido fazer o que fez neste processo que conduziu à libertação de Timor”, diz Ana Gomes.

Jorge Sampaio foi o único Presidente da República a utilizar a chamada bomba atómica, dissolveu a assembleia e convocou eleições antecipadas, pondo assim ponto final ao Governo de Santana Lopes.

A amiga pessoal de Jorge Sampaio fala de uma decisão difícil para o então Presidente da República.

“Sei que foi um momento de decisão muito difícil, mas ele em última análise, nunca deixou de tomar as decisões, por mais difíceis que fossem. Ele sabia inclusivamente as tremendas implicações que elas tinham para os seus mais chegados, para a sua família e nunca deixou de as tomar, certamente norteado por aquilo que achou que era mais correto”, conclui.

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