10 set, 2021 - 11:17 • Marta Grosso
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“Nasceu para ser um lutador e a causa da sua luta foi uma: a liberdade na igualdade”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa numa comunicação aos jornalistas, nesta sexta-feira, dia em que morreu Jorge Sampaio.
“Lutado, mas serenamente nos deixou, como sereno foi o seu testemunho de vida ao serviço da liberdade e da igualdade; como sereno foi na sua luminosa inteligência, na sua profunda sensibilidade, na sua paciente mas porfiada coragem”, afirmou ainda.
Numa comunicação sem direito a perguntas, Marcelo Rebelo de Sousa realçou o caminho político de Sampaio, um homem que podia ter-se “resignado ao mais fácil”, mantendo-se como “jurista prestigiado”, mas que “escolheu o caminho mais ingrato da solidariedade com os que mais sofriam, da privação da sua saúde frágil em exaustivos labores”.
Destacou depois momentos importantes da sua carreira, desde os tempos dos movimentos estudantis, o “furacão ruivo na alameda da Universidade de Lisboa em 1962”, até à “prestigiada Presidência” – durante a qual lançou a Cimeira de Arraiolos e criou a COTEC – passando pela “madrugada da libertação dos presos em Caxias”, depois do 25 de Abril, e pela “travessia de bairros de lata na capital que conseguiu extinguir”.
E ainda o seu papel na libertação de Timor-Leste e a oposição à intervenção no Iraque.
Era “um homem bom”, vincou Marcelo.
“Jorge Sampaio deixou-nos hoje com um duplo legado. Duplo, porque feito de liberdade, mas também de igualdade; porque feito de inteligência, mas também de sensibilidade; porque provou que se pode nascer privilegiado e converter a vida na batalha dos mais desprivilegiados”.
O Presidente reforçou por fim a serenidade do antigo chefe de Estado, “aquela serenidade que une a força das convicções ao respeito por cada um e por todos os demais. A corajosa serenidade de um grande senhor da nossa democracia e da nossa pátria comum”.
Jorge Sampaio morreu nesta sexta-feira aos 81 anos.