12 set, 2021 - 11:19 • Inês Rocha com Lusa
Um "homem bom, atento e disponível", " popular sem ser populista", "justo, corajoso, sem medo de chorar". Foi assim que os filhos de Jorge Sampaio descreveram o pai, durante a sessão evocativa que decorre no Mosteiro dos Jerónimos: "um homem bom, um pai extraordinário".
Perante cerca de 300 pessoas, incluindo Presidente da República, presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro, o secretário-geral da ONU, António Guterres e o rei de Espanha, Filipe VI, Vera e André Sampaio descreveram o pai como um "estadista e cidadão comum", "lutador e pacificador".
Coube
à filha mais velha o primeiro discurso na cerimónia oficial no claustro
do Mosteiro dos Jerónimos, numa intervenção em que quis recordar o pai
com a “autenticidade e proximidade” com que falava com os filhos.
"O nosso pai era um homem bom, atento e disponível, para quem as pessoas contavam cima de tudo, não as pessoas em geral, mas cada pessoa com nome e rosto”, destacou.
Jorge Sampaio, sublinhou, “não gostava de arrogância” e “cultivava a amizade e a camaradagem porque sabia que, na vida e na política, nada se pode fazer sozinho”.
André Sampaio, visivelmente emocionado, recordou o pai como um homem
“popular sem ser populista, sempre próximo sem nunca banalizar a
proximidade, que foi estadista e simultaneamente cidadão comum, que foi
amado sem gostar de ser venerado”.
Os filhos do ex-chefe de Estado agradeceram aos portugueses todo o carinho demonstrado nos últimos dias, em particular às mais altas figuras do Estado presentes na cerimónia, e realçaram as manifestações de afeto que receberam, vindas de todo o mundo, "de Portugal a Timor Leste, de Brasil a São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau e Moçambique".
Em espanhol, André Sampaio dirigiu-se também ao rei Filipe VI, garantindo que Jorge Sampaio gostava muito da família real do país vizinho.
A cerimónia, que começará às 11h00, deverá reunir (...)
André e Vera Sampaio lembraram a forma como o pai lhes ensinou a ser "livres mas responsáveis" e a olhar mais para os outros do que para si mesmos. Revelaram que, por força das responsabilidades, Jorge Sampaio nem sempre podia dedicar tempo à família, e por isso valorizava "não a quantidade mas a qualidade" dos momentos passados em conjunto. E garantiram: na sua pessoa não havia discordância entre o político e o pai.
Cerca de dez minutos antes do arranque da cerimónia - que começou antes da hora prevista, as 11:00 - o momento mais solene aconteceu com a chegada da urna ao centro do claustro do Mosteiro dos Jerónimos, com todos os convidados em pé e em silêncio.
Em seguida, foram colocadas as insígnias e interpretado o hino nacional, pela Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, com guarda de honra em torno da urna por cadetes das Forças Armadas durante toda a cerimónia.
Foram então transmitidos nos ecrãs colocados no claustro um excerto do discurso da tomada de posse de Jorge Sampaio como Presidente da República, no parlamento, em 9 de março de 1996, a sua intervenção na CNN sobre Timor-Leste, em dezembro do mesmo ano, e mensagens dos antigos primeiro-ministro e Presidente da República timorenses, Mari Alkatiri e José Ramos Horta.
No final da cerimónia nos Jerónimos, o cortejo fúnebre de Jorge Sampaio seguirá para o Cemitério do Alto de São João com escolta de honra pela Avenida da Índia, Avenida 24 de Julho, Avenida da Ribeira das Naus, Praça do Comércio - momento em que cinco caças F-16 sobrevoam o local - Avenida Infante D. Henrique, Avenida Mouzinho de Albuquerque, Praça Paiva Couceiro e Rua Morais Soares.
A chegada do cortejo fúnebre ao Cemitério do Alto de São João está prevista para as 13h30 e aí a população poderá prestar um último tributo a Jorge Sampaio.
No cemitério, uma homenagem prestada por militares dos três ramos das Forças Armadas marcará o final das honras fúnebres oficiais, seguindo-se uma cerimónia reservada à família do antigo Presidente.