13 set, 2021 - 08:06 • Miguel Coelho , Olímpia Mairos
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A reitora da Universidade Católica admite que o ministro do Ensino Superior não foi feliz, quando disse que os médicos de família poderiam ter uma formação menos exigente. Isabel Capeloa Gil acompanha, por isso, as críticas feitas a Manuel Heitor e diz que todos têm maus dias, reconhecendo que não foi o melhor momento do ministro.
“Maus dias todos tem. Há sempre momentos em que as coisas saem melhor ou pior. Talvez não tenha sido o seu melhor momento”, diz a reitora em entrevista à Renascença.
Isabel Capeloa Gil entende que “os médicos de família são a primeira face do contacto, quando sentimos que temos necessidade de apoio médico”, por isso, “são os médicos de primeira linha e têm que ter uma formação profunda, alargada, se calhar até mais profunda e com maior complexidade do que a formação do especialista”.
Manuel Heitor garantiu, na sexta-feira, que as suas declarações ao Diário de Notícias foram deturpadas e assegurou que, em momento algum, defendeu que a formação dos médicos de família não necessita de ter a mesma duração que outras especialidades.
A reitora da Universidade Católica Portuguesa, Isabel Capeloa Gil, explicou, em entrevista à Renascença, o que distingue o curso da Faculdade de Medicina da Universidade Católica de outros cursos de outras universidades.
“Há três pontos essenciais que distinguem este curso”, disse Capeloa Gil, explicando que "o primeiro tem a ver com a posição, marca e missão. Um ensino centrado nos valores, de base humanística, com uma fortíssima componente ética e que, no fundo, se reflete também nas outras formações que a universidade tem vindo a dar ao longo da sua vida”.
Entrevista ao diretor da Faculdade de Medicina da Católica
António Medina de Almeida ocupa desde março o carg(...)
Em segundo lugar, acrescenta a reitora da Católica, “é a primeira faculdade de medicina criada em Portugal, no século XXI, já em momento de transformação digital e, portanto, essa infraestrutura digital de formação do médico apoiado em instrumentos tecnológicos altamente qualificados estará disponível para estes alunos”.
A reitora da Universidade Católica, refere também que se trata de ter “um corpo académico e um corpo clínico jovem, mas de excelência, altamente qualificado, formado nas melhores universidades portuguesas e internacionais e com um lastro fortemente cosmopolita”.
A faculdade de medicina é “um sonho, mas é um projeto de missão da universidade”, afirma Capeloa Gil, recordando que que foi D. José Policarpo o primeiro reitor a pensar e a delinear a estratégia para a sua criação.
Sobre as muitas críticas da Ordem dos Médicos à criação da faculdade de medicina, a reitora da Universidade Católica assume que não a preocupam.
“Não me preocupa, porque o posicionamento da faculdade e da universidade é que vamos demonstrar obviamente a qualidade da formação e estamos aqui para colaborar com todos, com as escolas médicas e com a ordem”, afirma.
Neste contexto, a reitora da Universidade Católica recorda que “todos os cursos de medicina criados em Portugal”, desde há 20 anos para cá, todos “tiveram a oposição da ordem”.
“Há de certa forma um posicionamento corporativo que tem numa fase inicial, ou por prudência ou por proteção da profissão ou do acesso à profissão, sido estrategicamente antagonista à criação de novas escolas”, lembra a reitora.
A reitora da Universidade Católica Portuguesa esteve na Renascença para falar sobre o novo curso de Medicina que começa na terça-feira.
O curso tem sido recebido com críticas e algum ceticismo por figuras do mundo da classe profissional em Portugal, que dizem que já há excesso de médicos no país, mas o diretor do curso, António Medina de Almeida já respondeu, também em entrevista à Renascença, dizendo que não pensa ser essa a realidade.
O curso de Medicina da Universidade Católica é o primeiro a abrir numa universidade privada em Portugal.