21 set, 2021 - 18:42 • João Malheiro, com Lusa
O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) vai fazer “obras de capacitação” no Serviço de Medicina Intensiva para aumentar o número de camas disponíveis e duplicar o número de quartos de isolamento, revelou esta terça-feira o diretor daquele serviço.
“Houve um conhecimento por parte das estruturas centrais de que o número de camas com que partimos para a crise Covid-19 em medicina intensiva era inferior aquilo que deveria ser”, disse, acrescentando que a obra se insere no “projeto global nacional de capacitação da medicina intensiva”.
Pelo Serviço de Medicina Intensiva do Hospital de São João, no Porto, passam anualmente “três mil doentes”, afirmou o clínico, acrescentando que a empreitada vai permitir “um ligeiro aumento do número de camas”, passando de 70 para 78.
Alem do aumento de 12% do número de camas, as obras de capacitação vão também permitir “duplicar o número de quartos de isolamento de unidades de cuidados intensivos”, passando de nove para 18.
“Tendo já resultados muito positivos, uma mortalidade em UCI de 11% e hospitalar global de 16%, [a empreitada] vai permitir melhorar o cuidado dos doentes”, destacou.
Nos quartos de isolamento, as melhorias feitas permitirão também “modelar a pressão ambiental” no seu interior, possibilitando a criação de “pressão positiva para evitar que contaminantes que existem no ar do quarto sejam levados para fora”, como “pressão negativa e evitar em determinadas patologias que os micro-organismos que causam doença saiam do quarto”.
“É importante na Covid-19, e já era e continua a ser importante por outras patologias como a gripe e a tuberculose”, salientou.
O diretor do Serviço de Medicina Intensiva referiu ainda que as melhorias vão permitir mitigar “um problema significativo”, nomeadamente, as infeções que são adquiridas pelos doentes naquele serviço hospitalar.
À Renascença, Artur Paiva conta ter "uma expetativa armada" para o próximo inverno.
As obras de capacitação são "particularmente sensíveis" aos próximos meses, devido à "prevalência das doenças respiratórias" nos próximos meses do ano.
"Estamos numa situação de tranquilidade em termos de Covid-19. Temos uma taxa de vacinação extraordinária e não temos novas variantes perigosas. Temos de manter atenção a novas variantes e não sabemos como será o inverno em termos de gripe. É uma situação imprevisível", explicou.
Relativamente à próxima fase de desconfinamento, que chegará quando Portugal tiver 85% da população com a vacinação completa, o diretor do Serviço de Medicina Intensiva ser "totalmente a favor" das medidas a adotar.
Mesmo assim, Artur Paiva recomenda que se "mantenham as práticas de proteção individual, como uso de máscara e desinfeção de mãos e superfícies".