29 set, 2021 - 18:37 • Henrique Cunha
A reabertura da "Sala Estúdio Perpétuo", na próxima sexta-feira, é uma soma de coincidências: dia 1 de outubro é Dia Mundial da Música e, também, o dia que começa uma nova etapa no desconfinamento da sociedade.
Trinta anos depois de ter fechado portas, a reabertura do icónico Cinema Estúdio pretende “reatar o vínculo entre educação e cultura, e que uma inspire a outra”, afirma o padre Rui Salvador, presidente do Centro Perpétuo Socorro.
Por sua vez, Carlos Martins, responsável pela programação do espaço quer “muito inovar nessa dimensão que é tornar fácil a relação com a cultura”, pois “acreditamos que a cultura é um veículo central para a cidadania”.
A reabertura do espaço resulta de uma parceria entre o Centro de Caridade Perpétuo Socorro, proprietário da Sala e a Opium, empresa que se dedica ao setor das indústrias criativas.
Depois do pó das cadeiras limpo, o espaço vai dedicar a maior parte da programação ao cinema e à música. Na manhã de sábado, o cinema regressa à sala com a exibição do “O Garoto de Charlot”, um filme com 100 anos, de Charlie Chaplin.
O responsável pela programação da “Sala Estúdio Perpétuo”, Carlos Martins revela que a ideia “é criar um lugar de encontro, num projeto de bairro que se abre à cidade e ao mundo”.
Entre as novidades está a possibilidade de uma parceria com a companhia de teatro “Seiva Trupe”. “Nós falamos com muitos agentes culturais da cidade, alguns que não têm espaços próprios como é neste momento o caso da Seiva Trupe que está a preparar um projeto para este lugar que será apresentado publicamente nas próximas semanas. E temos já essa confiança que ele vai ser um dos marcos fundamentais da programação deste espaço, cujos contornos ainda vão ser definidos, mas podemos já antecipar que vai acontecer”, explica o programador.
Uma das ideias é “contribuir para o renascimento da relação com o cinema na cidade” depois do encerramento de dezenas de salas. E tudo isso será feito através do aluguer e da passagem de filmes, e também “pela colaboração com festivais de cinema".
Na música, a sala vai servir para divulgar “as novas editoras, novas bandas que têm muita dificuldade em programar na cidade por falta de salas, ou porque os espaços que existem têm de ser marcados com muita antecedência”. Pretende-se ainda uma maior aproximação às escolas e às famílias.
Carlos Martins revela que o objetivo é “encontrar formatos, tempos e modelos de apresentação adequados ao consumo em família”, até porque “hoje as estatísticas dizem que quando os casais têm filhos deixam de consumir culturalmente”.
“Por exemplo queremos ter filmes em que os pais possam trazer os filhos bebés para a sala e isso não ser um problema”, esclarece.
Quase 30 anos depois, a direção do Centro Perpétuo decidiu ir ao encontro das suas origens. "A Sala Estúdio foi o centro" onde tudo começou, diz o padre Rui Salvador, que reconhece que, “na nossa história, o centro deste corpo (complexo do Perpétuo) foi esta Sala Estúdio”, que “foi a partir da cultura que depois a educação foi surgindo”.
A ideia é reatar "este elo indissociável entre educação e cultura", porque “queremos que uma inspire a outra; queremos que a educação que se faz na nossa casa não seja simplesmente uma transmissão de conhecimentos, ou uma transmissão de saberes, mas que signifique uma abertura a uma outra mundividência”. “Essa é a refundação e essa é a originalidade que procuramos” com a reabertura da Sala Estúdio.
A “Sala Estúdio” fica no edifício do Centro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Rua de Costa Cabral.
A reabertura do antigo Cinema Estúdio, agora Sala Estúdio Perpétuo perspetiva um novo posicionamento do Centro nas vivências culturais e sociais das comunidades locais e da cidade do Porto.
A sala tem capacidade para 400 lugares e já tem programação definida até 27 de março, Dia Mundial do Teatro.