07 out, 2021 - 00:40 • André Rodrigues
Oitenta e sete médicos com funções de direção apresentaram a demissão no Hospital de Setúbal, confirmou esta quarta-feira à Renascença o bastonário da Ordem dos Médicos.
"São médicos com funções de direção no hospital, a saber, diretores de serviço, diretores de departamento e diretores do serviço de urgência", revelou.
Em causa está aquilo que o diretor clínico daquela unidade diz ser a falta generalizada de condições de trabalho, desde a falta de espaços físicos proporcionais às necessidades de resposta do hospital à falta de equipamentos em várias unidades.
No entanto, Miguel Guimarães assinala que "a questão dos recursos humanos é crítica, porque está a levar a que as pessoas façam cada vez mais urgências, está a levar a que o hospital, cada vez mais, contrate serviços médicos através de empresas, mas estes médicos e estas empresas prestadoras de serviços nem sempre estão disponíveis para as necessidades que o hospital tem" em serviços como a urgência, a obstetrícia, a pediatria e a unidade de AVC.
A demissão do diretor clínico do Hospital de Setúbal surgiu na semana passada e, a esta, juntaram-se outras 86, em protesto contra um quadro "desesperante", segundo relatam os clínicos.
António Lacerda Sales avançou que o concurso inter(...)
De resto, esta quarta-feira, em conferência de imprensa, Nuno Fachada, o diretor clínico demissionário reconheceu a "rutura nos serviços de urgência, nos blocos operatórios, na oncologia, na maternidade, anestesia" e que, tal como está, a unidade já "não consegue mais responder à sua população" e, como tal, deve "deixar de ser financiado como um simples hospital distrital e passar a ser uma unidade multidisciplinar", para acabar com a fuga de clínicos e de outros profissionais para o setor privado e para o estrangeiro.
Esta segunda-feira, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde anunciou a intenção do Governo de contratar 10 médicos de diferentes especialidades, para cobrir as falhas. Miguel Guimarães reconhece que "é melhor do que nenhum, mas não resolve o problema do hospital, nem de perto nem de longe".
O bastonário diz que "as necessidades que eles têm em várias áreas de especialidade é muito grande, portanto estes médicos estão a dar um grito de alerta".
"É fundamental que o ministério da Saúde pense em renovar a sua política de contratação de médicos para o SNS, porque, senão, vamos ter situações semelhantes a esta de Setúbal - que não é uma situação única, mas é a mais aguda neste momento", conclui.
Numa informação enviada por Nuno Fachada aos coleg(...)