12 out, 2021 - 22:29 • Lusa
O presidente da Câmara de Setúbal anunciou esta terça-feira que vai pedir ao primeiro-ministro para “ajudar a resolver os problemas do Hospital de São Bernardo”, durante uma manifestação que juntou 300 pessoas preocupadas com a degradação daquela unidade hospitalar.
“Tendo em conta a urgência da situação, nós vamos pedir uma reunião ao senhor primeiro-ministro, para que ele possa interceder no sentido de este problema ser ultrapassado e para criar esperança e expectativa para que rapidamente esta situação possa estar resolvida”, disse André Martins.
O autarca justificou o repto dirigido ao primeiro-ministro lembrando que a Câmara Municipal já teve várias reuniões com a ministra da Saúde, mas que não impediram que continuasse a verificar-se uma degradação progressiva da prestação de cuidados de saúde no Hospital de São Bernardo, que faz parte do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS), devido à falta de médicos e à insuficiência das atuais instalações.
“É urgente avançar com as obras, é necessário ampliar o Hospital de São Bernardo para que os trabalhadores da saúde possam desempenhar as suas funções com as melhores condições de trabalho”, disse.
André Martins insistiu também na urgência de uma “reclassificação do Centro Hospitalar de Setúbal, com a passagem do grupo C para o grupo D, salientando que se trata de uma “revindicação já aprovada na Assembleia da República”, e que considerou fundamental para criar melhores condições de trabalho e de remuneração para os profissionais de saúde.
Na concentração realizada junto à entrada principal do Hospital de São Bernardo estiveram também autarcas de Palmela e Sesimbra, dois municípios servidos pelo CHS, e o diretor clínico demissionário do centro hospitalar, Nuno Fachada, que agradeceu a solidariedade dos utentes e sublinhou que os médicos demissionários continuam a assegurar os cuidados de saúde à população.
“A nossa sinalização do problema é por verificarmos que a situação está a agravar-se lentamente. E nós não podemos contemporizar com esta situação progressiva de dificuldade”, disse Nuno Fachada, reiterando que os profissionais de saúde continuam a fazer o seu trabalho.
Surpreendida com a adesão das pessoas a uma iniciativa que disse ter sido espontânea e que começou a ser desenhada nas redes sociais, Rita Drouilet, uma das organizadoras, disse acreditar que a população de Setúbal, e dos concelhos vizinhos de Palmela e Sesimbra, vai continuar a lutar por melhores condições no hospital público.
“As pessoas corresponderam a nosso apelo nas redes sociais. Estão aqui cerca de 300 pessoas, entre elas mães de crianças que são utentes da pediatria, estão aqui muitas pessoas de idade, pessoas em cadeiras de rodas que fizeram um grande esforço para aqui estar. E não vamos deixar de nos manifestar enquanto não houver soluções para o Hospital de São Bernardo e para o Centro Hospitalar de Setúbal”, concluiu.
Depois de o diretor clínico do CHS ter renunciado ao cargo, alegando falta de condições, outros 86 médicos pediram a demissão, sublinhando a “situação de rutura” nos serviços de urgência, nos blocos operatórios, na oncologia, na maternidade e na anestesia, entre outros.
Entre os 86 demissionários estão diretores de serviço e departamentos, coordenadores de unidade e comissões, chefes de equipa de urgência e a restante direção clínica.
Na semana passada, o Ministério da Saúde anunciou que autorizou a contratação de médicos para sete especialidades do centro hospitalar, sem indicar quantos, e um investimento de 17,2 milhões de euros na ampliação das instalações.