13 out, 2021 - 13:19 • Liliana Carona
Pelo menos 15 enfermeiros interpuseram uma ação judicial contra a Unidade Local de Saúde da Guarda, porque se sentem lesados por não terem sido contabilizados os pontos de avaliação que traziam de outras instituições, impedindo a progressão de carreira.
A denúncia é feita pelo sindicato que alude também à falta de enfermeiros e a existência de 57 precários.
Em declarações à Renascença, “Maria”, como prefere ser chamada para não ser identificada, considera estar a ser vítima de uma injustiça.
“Eu vim de outra EPE e os pontos que trouxe e a avaliação, não foram contabilizados. Já devia ter subido de escalão, porque não contabilizaram os 4,5 pontos que trazia de trás. Não fui reposicionada e sinto-me lesada por isso”, lamenta a enfermeira de 40 anos, há 17 anos a exercer a profissão e desde 2008 na ULS com um contrato individual de trabalho (CIT) sem termo.
Questionada sobre se vai aderir à greve marcada para a primeira semana de novembro, “Maria” não hesita. “Claro que sim. Devemos lutar pelos nossos direitos, a classe está descontente, toda a gente viu o trabalho e esforço desta classe, somos o pilar do SNS e não somos valorizados”, justifica, lembrando que os escalões de enfermagem estiveram muito tempo “congelados” os escalões”.
“Como é que se justifica, não serem contabilizados os pontos? É o não reconhecimento dentro da própria classe… Eu não venho de um lar, venho de um hospital como este. Vejo-me lesada e temos todos os motivos e mais alguns para lutar. É uma injustiça muito grande”, lamenta a enfermeira.
“Maria” considera que não lhe “podem tirar o que está para trás”. “Eu já era enfermeira antes de vir para aqui. Então cada vez que mudo de instituição volto à estaca zero?” questiona a enfermeira que nota ainda a falta de profissionais em alguns serviços da ULS da Guarda. “Não temos a dotação necessária para os doentes que existem, principalmente nas urgências”, garante.
Enfermeiro desde 1998, o dirigente sindical Honorato Robalo diz que há 145 enfermeiros na mesma situação, da não contabilização dos pontos para a progressão na carreira. “Estão a roubar 206 euros por mês a 145 enfermeiros da ULS da Guarda”.
Honorato Robalo fala ainda dos precários. “O Governo não permitiu contratar mais enfermeiros. Há 57 precários ao abrigo da chamada legislação Covid e mais cerca de duas dezenas de enfermeiros com contrato de substituição. Temos uma colega a cumprir funções permanentes na urgência e vai embora no dia 7 de novembro, porque está a substituir uma colega de licença de parentalidade e é essencial nesse serviço de urgência, uma vez que há carência de nove enfermeiros no serviço da urgência medico cirúrgica”, conta.
São reivindicações a juntar a outras, “como a dos enfermeiros do serviço de urgência da ULS da Guarda que contactaram com os doentes covid e não tiveram direito a prémio”, sublinha Honorato Robalo, concluindo que “só com reforço de recursos humanos é possível o cumprimento das 35 horas semanais e o descanso compensatório”.