25 out, 2021 - 08:00 • Fátima Casanova
Numa altura em que foram aliviadas muitas restrições relativas à pandemia de Covid-19 na sociedade em geral, nas creches, os mais pequenos continuam impedidos de levar brinquedos ou o almoço e os pais estão ainda impedidos de entrar para deixar os filhos.
Essa tem sido, aliás, uma das principais queixas. “Tem havido uma grande pressão por parte dos pais para começarem a permitir a entrada nos estabelecimentos com os seus filhos; que possam aproximar-se da sala da educadora, da professora, para que possa haver um contacto mais direto. Sim, tem havido muita vontade nesse sentido”, admite à Renascença a presidente da Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular, Susana Batista.
Sensíveis aos pedidos dos pais, e a pensar no bem-estar das crianças, os responsáveis por estes estabelecimentos já estão a deixar cair muitas das restrições.
“Por exemplo, começar a juntar pequenos grupos – já não estão a separar as salas todas como era feito. Há salas que já se juntam, pelo menos, no prolongamento e no acolhimento da manhã, nas atividades extracurriculares e, nestes casos, existe muito a preocupação de registar quem são as crianças das salas diferentes que se juntam nesses momentos”, indica Susana Batista.
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Apesar destas mudanças, é importante que a Direção-Geral da Saúde atualize as normas. “Temos estado a pedir algumas orientações novas e algumas revisões por parte da Direção-Geral da Saúde, que até agora não surgiram, mas que nós achamos que deveriam ser pensadas, e deveriam ser discutidas, porque faz sentido começar a abrir um pouco mais”, refere a representante das creches.
Descontentes e por não perceberem a rigidez das regras que se mantêm nas creches, muitos pais constituíram o movimento “Assim não é escola”.
“Muita coisa mudou: mudou na sociedade, no conhecimento que temos do vírus, do exemplo que temos dos outros países, mudou até no alívio das restrições para a maioria da população e nas escolas muito pouca coisa mudou, portanto, continuamos a lutar”, afirma Dulce Cruz à Renascença.
As queixas são muitas e exemplos não faltam: “a relação entre professores e alunos marcada pelo medo, pelo distanciamento, pela ausência e pelo abandono, com a imposição do distanciamento físico entre as crianças, muitas vezes até no espaço de brincadeira, cá fora. Há muitas crianças impedidas de ter intervalos, recreios e brincar de forma livre, que é tão importante para o desenvolvimento”, aponta a porta-voz do movimento.
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Além disso, “a coação para o uso de máscara. Parece que em muitas escolas está a haver mesmo coação, mas não é uma obrigação, e nós fazemos questão que isso fique muito claro: é uma recomendação da Direção-Geral da Saúde”.
Dulce Cruz diz ainda haver “testemunhos de refeições em salas de aula, feitas desfasadamente; as crianças pouco podem interagir e são impedidas de levar a comida que costumavam levar”.
O movimento “Assim não é escola” é seguido nas redes sociais por mais de 10 mil pessoas, que defendem a mudança das “regras Covid” nas creches e jardins de infância.
O pedido já foi enviado para a Direção-Geral da Saúde. Pais e educadores defendem que as restrições estão a prejudicar o desenvolvimento das crianças. Contactada pela Renascença, fonte da DGS admite mudanças e afirma que tem estado a atualizar as normas, só ainda não conseguiu chegar a todas.