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Relatório

Queimadas deram origem a cerca de metade dos incêndios registados este ano

03 nov, 2021 - 19:35 • Lusa

Relatório do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas refere que as causas mais frequentes dos incêndios em 2021 são uso negligente do fogo (47%) e o incendiarismo (23%).

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A maior parte dos incêndios rurais registados este ano tiveram como causas o uso negligente do fogo, como queimas ou queimadas, e fogo posto, indicou esta quarta-feira o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

O último relatório provisório do ICNF, referente ao período de 1 de janeiro a 15 de outubro, refere que as causas mais frequentes dos incêndios em 2021 são uso negligente do fogo (47%) e o incendiarismo - imputáveis (23%).

Segundo o relatório, no caso do uso negligente do fogo são as queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (20%), queimas de amontoados de sobrantes florestais ou agrícolas (10%) e queimadas para gestão de pasto para gado (45%) os motivos mais relevantes.

O mesmo documento precisa também que os reacendimentos representam 4% do total de causas apuradas, num valor inferior face à média dos 10 anos anteriores.

O ICNF ressalva que, até 15 de outubro, foi permitido atribuir uma causa a 67% dos incêndios investigados este ano e que foram responsáveis por 90% da área ardida.

O relatório dá conta que, entre 1 de janeiro e 15 de outubro, deflagraram 7.610 incêndios rurais que resultaram em 27.118 hectares de área ardida (ha), entre povoamentos (8.118 ha), matos (16.144 ha) e agricultura (2.856 ha).

De acordo com o ICNF, o ano de 2021 apresenta, até ao dia 15 de outubro, o valor mais reduzido em número de incêndios e o segundo valor mais reduzido de área ardida da última década.

“Comparando os valores do ano de 2021 com o histórico dos 10 anos anteriores, assinala-se que se registaram menos 54% de incêndios rurais e menos 79% de área ardida relativamente à média anual”, precisa o mesmo documento.

O relatório sublinha que, deflagraram até 15 de outubro, 30 “grandes incêndios”, com uma área ardida total igual ou superior a 100 hectares, que resultaram em 14.880 hectares de área ardida, cerca de 55% do total da área ardida.

O fogo que começou em 16 de agosto no concelho de Castro Marim, distrito de Faro, foi o que consumiu mais área ardida, num total de 6.629 hectares.

O ICNF indica também que os distritos com maior número de incêndios este ano são Porto (1.297), Braga (688) e Lisboa (667), enquanto o distrito mais afetado em área ardida é Faro, com 9.268 hectares, cerca de 34% da área total ardida até à data, seguido de Vila Real com 4.041 hectares (15% do total) e de Braga com 2.117 hectares (8% do total).

Numa lista liderada por Santa Maria da Feira, Montalegre e Paredes, os concelhos que apresentam maior número de incêndios localizam-se quase todos a norte do Tejo, e caracterizam-se por elevada densidade populacional, presença de grandes aglomerados urbanos ou utilização tradicional do fogo na gestão agroflorestal, representando estes vinte concelhos 27% do número total de ocorrências e 16% da área total ardida.

O ICNF frisa também que a área ardida nos 20 concelhos mais afetados representa 65% da área total, sobressaindo o concelho de Montalegre, associado ao maior número de ocorrências em 2021, além dos concelhos de Tavira, Vila Real de Santo António e Castro Marim, relacionados com a maior ocorrência do ano.

O ICNF realça ainda que agosto foi o mês com maior número de incêndios rurais, com um total de 1.605 incêndios, o que corresponde a 21% do número total registado este ano, sendo também em agosto o que apresenta, até à data, maior área ardida no corrente ano, com 10.159 hectares, o que representa 37% do total.

O relatório conclui ainda a área ardida deste ano é “consideravelmente inferior à área ardida ‘expectável’ tendo em conta a severidade meteorológica verificada”.

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