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Respostas Sociais à Pandemia

Colégio dos Carvalhos em pandemia. Diretor lamenta diferença de tratamento entre ensino público e privado

04 nov, 2021 - 13:03 • Cristina Nascimento , André Peralta (sonorização)

Escola tem mais de 1.100 alunos. Nas aflições da pandemia tiveram de construir à pressa um campo de futebol e uniram esforços para garantir computadores para todos os alunos.

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O Colégio dos Carvalhos é um nome bem conhecido do ensino no Grande Porto. Tem mais de 1.100 alunos, todos do secundário. Quando a pandemia estala, tal como noutras escolas, uma das primeiras preocupações foi garantir que todos tinham computador e não tinham. O colégio arranjou alguns, os professores outros e também contaram com os pais.

“Falámos à Associação de Pais e eles compraram [computadores] para serem emprestados aos alunos. Acabou a situação, eles devolveram-nos à Associação para serem usados noutra altura que fosse necessária”, explica José Maia, presidente do Conselho diretivo do colégio.

O diretor não sabe ao certo quantos computadores foram necessários, mas sabe que foram mais do que esperavam e que do Estado não tiveram ajuda. A situação dá azo a que José Maia revele o seu desacordo sobre as diferenças de tratamento entre ensino público e privado, que, provocadoramente, chama de ‘apartheid’.

“Se não houvesse apartheid, os nossos alunos, como outros, teriam direito a ter um computador”, diz, acrescentando que essa é uma das críticas que faz ao Estado. “Um maior apoio no acesso a computadores seria objetivamente melhor”, reforça.

Ainda assim, com o empenho e solidariedade de pais e professores, as dificuldades tecnológicas ultrapassaram-se e os resultados escolares até surpreenderam.

“Curiosamente as avaliações até foram interessantes, não era até expectável. Os pais foram bons aliados, assim como os professores”, diz, aproveitando para realçar sobretudo os docentes.

“Tiveram o seu trabalho, vestiram bem a camisola e foram muito solidários com os alunos, às vezes davam aulas quase individuais para que ninguém se sentisse fora”, assegura.

Quando a pandemia permitiu e voltaram ao Colégio, houve necessidade de criar mais espaços para se poder estudar e trabalhar em segurança. “Tivemos inclusivamente de fazer a toda a pressão um campo de futebol porque não havia espaço para tanta gente, em situações destas. Tivemos de tomar medidas de emergência, mas mesmo a cantina e os serviços funcionaram francamente bem”, diz, em jeito de balanço.

Já mais difícil foi ir fazendo compreender aos alunos a necessidade de distanciamento. ”Se há coisas que eles não querem é estar sozinhos”, diz, em tom bem disposto, acrescentando que, no fundo, isso é matéria dos livros: “os jovens precisam de socializar”.

Apesar das dificuldades, José Maia reconhece que a pandemia trouxe coisas boas, por exemplo, maior união entre pais, docentes e direção do Colégio dos Carvalhos.

Respostas Sociais à Pandemia é uma rubrica da Renascença com apoio da Câmara Municipal de Gaia que surge no seguimento da Conferência "Pandemia: Respostas à Crise" onde se debateu em maio de 2021 o papel das Instituições Sociais e do Poder Local.

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  • sara
    04 nov, 2021 lisboa 18:37
    o que eu lamento mesmo, é que na escola de almada - romeu correu, vao comecar a tirar amianto neste sabado dia 6-10, por que assim a camara de almada o decidiu na semana passada, e os alunos vão passar a ter aulas em contentores, não tinham melhor altura para o fazer?almada, cidade do terceiro mundo, so pensam em concertos, nas crianças zero, alguem pode ajudar?

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