10 nov, 2021 - 00:40 • Filomena Barros , André Rodrigues
O presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas considera "muito grave" o lapso de comunicação entre o ministro da Defesa e o Presidente da República sobre os crimes alegadamente cometidos por militares e ex-comandos que serviram na missão da ONU na República Centro-Africana.
Em causa está a declaração, desta terça-feira, em que Marcelo Rebelo de Sousa explicou que João Gomes Cravinho terá justificado a falha de comunicação com um parecer jurídico que aconselhava a não transmissão da informação sobre o caso a outras entidades.
"Não tenho razões nenhumas para duvidar do que diz o Presidente da República, que é Comandante Supremo das Forças Armadas. Mas tudo isto, a ter sido assim, deve fazer-nos pensar muito seriamente em quê que fica a nossa soberania", questionou o tenente-coronel António Mota, em declarações à Renascença.
"Faz-me muita espécie que uma coisa destas aconteça e que os órgãos de soberania máximos do meu país - Presidente da República e Assembleia da República - não tenham conhecimento do que se passa", acrescentou.
Operação Miríade
Presidente da República revela que Gomes Cravinho (...)
Dos 11 detidos no âmbito da Operação Miríade, só cinco prestaram declarações no primeiro interrogatório conduzido pelo juiz Carlos Alexandre, esta terça-feira, no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.
Os interrogatórios vão ser retomados esta quarta-feira a partir das 09h30 da manhã.
Em causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais e que "se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas", com vista ao branqueamento de capitais.
O caso foi reportado em 2019.