12 nov, 2021 - 19:57 • Sofia Freitas Moreira
Os efeitos da greve nacional da Administração Pública foram bastante visíveis ao longo de toda esta sexta-feira. A Renascença percorreu vários setores, na cidade de Lisboa, para perceber os diversos impactos nas áreas afetadas.
O ambiente vivido nos hospitais, nos transportes públicos e nas escolas pode ser descrito como praticamente caótico. Terão encerrado cerca de 95% das escolas e a maioria dos hospitais estiveram apenas a assegurar os serviços mínimos.
A Escola Secundária Rainha Dona Leonor, em Alvalade, decidiu não abrir portas esta sexta-feira. A subdiretora, Adelina Moura, explica, em declarações à Renascença, que não havia condições de segurança para receber os alunos.
“Decidimos fechar a escola porque não havia condições de segurança, porque temos muito poucos funcionários na escola para assegurar as crianças. O único edifício que está aberto é o jardim de infância”, começa por explicar a subdiretora da escola.
Frente Comum considera que a paralisação desta sex(...)
Apesar dos diversos avisos de greve que a administração publicou através da página eletrónica, os alunos acabaram por, ainda assim, dirigir-se à escola, onde encontraram as portas fechadas.
“No agrupamento todo, tínhamos, de manhã, cinco funcionários, num total de 40 e poucos”, explica ainda Adelina Moura.
Apesar de não terem tido aulas, Beatriz e Andreia, duas alunas do 10º ano, decidiram passar o dia no parque em frente à escola que frequentam.
“Chegámos aqui relativamente cedo porque íamos ter aulas às 8h30 e não houve aulas. Eles afixaram o papel que põem sempre quando há greve e temos andado por cá. Mas tínhamos de vir cá verificar”, justifica uma das alunas.
“Já sabíamos desde o início da semana que era possível hoje não termos aulas, mas nunca sabemos se fecha ou não, só sabemos no próprio dia”.
No hospital Dona Estefânia, no centro de Lisboa, vários utentes aguardavam pela sua vez no local do atendimento às urgências. Alguns foram aconselhados a dirigirem-se ao Hospital de São José, por não terem enfermeiros suficientes para prestar cuidados a todos os utentes.
Segundo o que a Renascença conseguiu apurar junto do enfermeiro chefe das urgências do Dona Estefânia, a maioria dos departamentos estiveram em serviços mínimos toda a manhã e tarde desta sexta-feira.
Consultas médicas canceladas, escolas de portas fe(...)
Nos transportes públicos, a greve geral também se fez sentir. No Cais do Sodré, onde se encontra a sede da Transtejo, os trabalhadores cumprem o quinto e último dia de greve.
Em declarações à Renascença, a administração da Transtejo revela que, durante a tarde desta sexta-feira, registou-se uma adesão à greve de 52%. Durante a manhã, chegou a ser de 71%.
“Apesar das ligações fluviais terem sido interrompidas nos horários previstos, Cacilhas – Cais do Sodré, Seixal – Cais do Sodré e Montijo – Cais do Sodré anteciparam a retoma de carreiras, em cerca de 1h30 face ao anunciado. Já a ligação fluvial da Trafaria foi restabelecida apenas nos horários esperados”, explica a Transtejo.
O final da greve na Transtejo está previsto para as 21h desta sexta-feira.
É o quinto dia de protesto. Trabalhadores acusam a(...)
João Fernandes trabalha em Lisboa, mas vive no Seixal, e, todos os dias, atravessa o rio de barco. À Renascença, conta como tem sentido os efeitos desta greve que dura há cinco dias.
“A greve tem-me obrigado a ir mais tarde para o trabalho e a sair mais cedo. Consultei o site da Transtejo e organizei-me logo para apanhar os barcos mais tarde e mais cedo do que o habitual. O primeiro barco é às 9h15 da manhã e o último barco é às 16h45, de Lisboa para o Seixal”, conta João Fernandes.
Ana Costa, que também vive na Margem Sul e trabalha em Lisboa, relata uma situação um pouco mais dramática.
“Os meus últimos cinco dias têm sido a apanhar o comboio Fertagus da ponte e depois o metro, que vem sempre completamente lotado. É horrível, não dá”, começa por contar.
“Vou agora apanhar este último barco porque saí do trabalho a correr às 16h para o conseguir, porque senão só tenho transporte às 20h. Tem sido uma grande chatice, não entendo. Tenho saído às 5h e tal da manhã, para às 8h conseguir abrir a loja onde trabalho aqui em Lisboa”, relata.